domingo, 26 de setembro de 2010

Trapaças e Acasos

Carlos e Velasquez-

               Velasquez me ligou a quase uma hora.Ele está meia-hora atrasado,sabe que eu detesto atraso.Marcamos nesse bar porque adoro o suco de frutas que eles servem,pode parecer
estranho um sujeito entrar em um bar para beber suco,mas eu faço isso.Gosto desse lugar,mas o cantor que esta se apresentando essa noite já me encheu.Agora ele começou a tocar uma música
sobre uma prostituta que levou um tiro,esse é o futuro da nossa música popular?Finalmente o maldito colombiano chegou,ele foi criado aqui em nosso país,mas ainda tem um leve sotaque,o que 
lhe dá um ar de traficante internacional.Estou curioso pra saber o que ele tem pra me dizer:

                                "-Meu amigo Carlos!Como estás Carlitos?"

                                "-Cansado de esperar por você,Velasquez.Espero que tenha serviço para fazermos."

                                "-Melhor que isso.O quê esta bebendo?Isso é suco de uva?Por acaso você está..."

                                "-Já tivemos essa conversa Velasquez.O que pode ser melhor que serviço para nós?"

                                "-Estou falando de grana fácil,sem desgaste físico ou mental,bem aqui nesse isopor."

                                "-O que é isso?Alguma bebida?Sabe que não bebo.Quer por acaso montar uma maldita adega?"

                                "-Não é bebida.Por acaso você conhece aquela japonesa ali atrás?"

                                "-Que japonesa?"

                                "-A que está de pé indo ao banheiro,ela estava olhando pra você,galantiador como sempre,não é Carlitos?!"

                                "-Não seja preconceituoso,só por que ela é asiática não quer dizer que seja japonesa,pode ser coreana ou chinesa."

                                "-Chineses tem um formato de cabeça diferente do dela e coreanos tem os olhos um pouco mais arredondados.Ela é japonesa."

                                "-Você não me fez vir até aqui para me mostrar que sabe diferenciar asiáticos,certo?Vai me mostrar o que tem nesse isopor?" 
 
                                "-Vou lhe mostrar."

         
                       O canalha abriu a tampa da caixa de isopor por baixo da mesa,quase vomitei.

                               "-Que merda é essa?"

                               "-Um fígado!"

                               "-E vai fazer isso acebolado?!Tá traficando órgãos agora seu patife!?"
 
                               "-Nunca é tarde para iniciar um novo empreendimento,meu amigo.Por sorte sua eu estou disposto a te dar 10% do lucro da venda se você encontrar um comprador."

                               "-Essa é boa...Onde você arranjou isso?Quem era o infeliz?

                               "-Essa é a parte lucrativa do negócio.Eu não precisei arrumar isso,simplesmente achei no banco de um táxi,que sorte não é?"

                               "-Tá me dizendo que alguém estava carregando a porra de um fígado num táxi e esqueceu no banco?Espera que eu acredite nisso?"

                               "-Exatamente.Sorte grande,né?Não sei como foi parar lá,mas estava lá.Podemos ganhar uma grana alta em cima disso.Você é meu amigo,vamos entrar juntos nessa,cara.Eu só
não tenho idéia de quem esteja precisando disso.Podemos repassar pra traficantes experientes de órgãos,o que me diz?"

                                "-Estou fora,não quero entrar nessa,tá bom?"

                                "-Qual o problema Carlos?Você e eu damos pequenos golpes juntos a anos!Você já sequestrou pessoas,até já deu tiro em cima de mutia gente!"

                                "-Isso é diferente,isso é muita sacanagem.Explorar alguém que tem problemas de saúde?É por isso que eu não bebo!A bebida acaba com o fígado de um sujeito,sabia?Meu pai era 
alcólatra,ele não iria querer me ver nessa."

                                "-Seu pai te ensinou a arrombar um cofre quando você tinha 7 anos.Aos 12 ele te deu uma maleta de ferramentas e te levou pra casa dos vizinhos.Enquanto os pais estavam na sala,você
foi ao quarto da madame,abriu o cofre e saiu com as jóias da senhora dentro da caixa de ferramentas,dizendo que eram ferramentas de brinquedo!Acho que ele não se importaria se você colaborar comigo..."

                                "-Pare de falar de mim como se fosse da minha família e mais respeito com a memória de meu pai."

                                 "-Você que começou a falar do velho."

                                 "-Tá vendo,você já ta insultando meu pai.Quer saber?Faça bom uso desse treco! Hastá..!"

                                 "-Hastá,maricón!"



Júlia,Miyuke e Marta-
       

                       "-Vamos repassar o plano Myuke.A cirurgia começa as 10:15 da manhã.Eu vou te dar o sinal quando o órgão for retirado.Quando eles forem colocá-lo na ambulância para ser doado para outro paciente num outro hospital,você,que vai
estar disfarçada de médica,vai retirar o órgão no estacionamento e vai entregá-lo para Marta que vai estar no carro estacionado atrás da ambulância,alguma dúvida?"

                       "-Não,tudo bem simples mesmo."

                       "-Miyuke,até aí eu lembro de tudo o que combinamos,agora diga,onde está o fígado e porque Marta está morta?!O que você fez de errado?"

                        "-Eu,nada!Marta saiu com carro e o fígado,mas houve alguma  coisa na saída do estacionamento,acho que suspeitaram dela.Eu a vi sair do carro e entrar num táxi com o isopor.Depois ela saiu do carro sem o isopor e com uma pistola na mão,
trocou tiros com uma viatura da polícia que fica sempre ali na porta do hospital,o resto você já sabe."

                        "-Mas que droga!Meses me passando por funcionária,dias planejando e essa idiota me estraga tudo!Nós três temos uma dívida a pagar!Agora você vai arrumar um fígado novo para o chefe.Ele nos acolheu desde quando éramos menininhas inocentes
e nunca nos desrespeitou!Agora ele está doente e nós devemos isso a ele!"

                        "-Tudo bem,deixa comigo então!"



 Velasquez- (Horas Antes)

     Está difícil manter,as despesas são grandes.Saio essa manhã determinado em fazer dinheiro.Pego minha toca ninja e meu bem mais valioso,minha pistola automática.
     Não tenho tempo de planejar.Entro numa cafeteria qualquer,só me certifico de ser longe da pensão onde estou hospedado,uma bela vizinhança diga-se de passagem.
     Peço um café.Poucos clientes,apenas três velhotes.Não deve ter muito dinheiro no caixa,mas eu só preciso de uns trocados mesmo.
     Vou até o banheiro,coloco minha toca,não sei porque fiz isso,todos já tinham visto meu rosto mesmo.Meti o pé na porta,saquei a arma e anunciei o assalto.A adrenelina...É isso que me move,até gosto dessa vida.Mas como eu poderia adivinhar que os três coroas sentados a
mesa eram policiais aposentados?Os desgraçados carregam cada um seu revolver,eles largam o dedo em cima de mim,tento revidar inútilmente,vi pela vidraça que meu disparo atingiu alguém que passava pela rua.Me tranco no banheiro e me grudo como uma lagartixa na parede.Eu virei refém dos velhotes.
Me mandaram sair pacificamente,disseram que esse lugar é frequentado por policiais a gerações.Eu de via ter escolhido melhor.
      Olhei para frente e vi uma janela enorme que dava para rua.Quem é o idiota que põe uma janela assim no banheiro de um estabelecimento desses?Qualquer um pode entrar aqui e sair pela janela sem pagar a conta.Acho que o dono não deve ter se preocupado com isso,já que o lugar é
uma pocilga de malditos policiais,mas eu não sou um deles.Pulei a janela e entrei no primeiro táxi que vi,as coisas começaram a me favorecer a partir daí,quando encontrei a aquela caixa de isopor no banco.


Carlos-(Tempo Presente)

      O maldito Velasquez me fez perder tempo.Continuo sem um serviço para hoje.
      A tal japonesa do bar está me seguindo,ela acha que eu sou algum amador.Provavelmente quer me dar um tipo de golpe,esse tipo de mulher só pode querer isso comigo.Então eu me viro e pergunto:


             "-Está me seguindo?"

             "-N-não senhor,só queria lhe perguntar que horas são..." Ela estava trêmula e anciosa,como se estivesse prestes a fazer algo.

             "-Eu não sou idiota,é melhor você desistir e ir tentar assaltar algum outro babaca por aí.É melhor pra você."

             "-Você é um cara esperto.Não bebe,não é?Deve ter boa saúde,tem um bom fígado provavelmente..."

             "-Eu vi você me observando no bar.Engraçado você falar em fígado..."Nesse momento a vadia cuspiu algo em meu pescoço,um tipo de agulha,eu caí e tudo ficou escuro.


Júlia-

    Miyuke me ligou dizendo que conseguiu um fígado,melhor que isso,um corpo inteiro.O problema é que o dono dos órgãos ainda está vivo.Nós nunca matamos ninguém.
    Chego ao lugar onde ela está com o cara,um armazén abandonado.Nesses casos é melhor retirar o órgão enquanto o individuo está vivo.Posso fazer a cirurgia,mas e depois?Não podemos deixar o sujeito vivo,temos que matar o infeliz.Eu não farei isso,nunca fiz e nunca farei,
talvez eu até faça algum dia,mas numa situação extrema.Miyuke também não fará,ela é uma garota muito dócil,apesar de não parecer.
     Nessa hora lembro-me de um contato.Um matador de aluguel,na verdade é um sujeito que faz qualquer serviço por dinheiro.De trocar uma lâmpada a uma execução,é um homem bastante versátil,basta molharmos bem a mão dele.
     Miyuke sugere que se deixarmos o cara aqui sem o fígado e aberto ele irá morrer,mas isso me pesaria mais ainda a consciência.Apesar de anestesiado isso seria uma morte muito ruim para um cara que está nos cedendo um órgão,tudo bem,ele não está cedendo,estamos roubado.
Mas esse sujeito vai salvar a vida de uma pessoa muito importante para nós.O mínimo que posso fazer é conceder a ele uma morte rápida,mas não pelas minhas mãos.
     Decidida eu pego o telefone e ligo para o matador.Ele me diz que está por perto desse endereço e que chegará rápido,então eu apresso o serviço,mas nessa hora o cara acorda,não temos sedativo para apagá-lo,somente anestesia,ele vai ter que ver enquanto abrimos e retiramos seu
fígado.
     Minha amiga aplica-lhe a anestesia,ao menos ele está bem amarrado e amordaçado.
     Eu me preparo e esterilizo o local,pego o bisture e olho nos olhos do cara,ele é jovem,lembro-me dos motivos que me levam a isso e prossigo.O instrumento cirúrgico passa pelo corpo dele como uma faca de cozinha numa sensível manteiga.Tomo um susto quando ouço forte um bater no
portão do armazén.É o matador,não sei muito sobre esse cara,só que ele é um gringo que topa qualquer serviço,o chefe já utilizou os trabalhos dele algumas vezes.Ele vem caminhando ao lado de Miyuke que foi abrir-lhe o portão,estranhamente ele traz em baixo do braço uma caixa de isopor,
a minha companheira asiática é um tanto lesada e não percebe,mas de cara eu notei que conhecia aquele isopor.O nosso doador,por assim dizer,começa a ficar inquieto na mesa tentando se debater,enquanto o gringo olha pra ele com os arregalados e diz:

         "-O que vocês estão fazendo com o Carlos?!"

         "-Vamos tirar o fígado dele e depois você vai atirar nele pra gente.Você o conhece?Peraí,eu te vi no bar com ele agora pouco!" diz a Miyuke,demonstrando sua incrível alienação.

         "-Soltem meu amigo suas cadelas!Eu não vou matar Carlitos!Se é um fígado que querem vamos negociar,pois tenho um em mãos aqui comigo.Hehehe..mas ora que coincidência,não acham?"

         "-Acho que você não está muito em condições de negociar,temos seu amigo aqui perdendo sangue e você tem algo que pertence a nós."

         "-Está enganada gatinha,pode não acreditar mas eu achei esse fígado e eu tenho uma pistola na mão e vocês na mira,por tanto vamos falar sobre grana e resolver isso de forma agradável.Quanto vocês têm pra gastar?"o maldito sacou a arma e nos pos na mira.

         "-Esse fígado pertence sim a nós,você o achou num taxi,certo?"

         "-Ora,estão falando a verdade,esse negócio é mesmo de vocês,como foram esquecer isso num banco de taxi?"

         "-É uma longa história,podemos falar sobre isso enquanto seu amigo sangra até a morte,o que vai ser?"

         "-Droga,chegamos num maldito impasse,detesto essas situações."conclui o gringo,mostrando que se importava com vida de seu companheiro.


    O cara não é nenhum gênio,mas sei que ele é perigoso.Proponho então que vou costurar o corte que fiz em Carlos e ele me entrega o orgão.Ele topa.Resolvemos tudo da melhor forma.Saímos de lá apressadas,um fígado só dura 24 horas fora do organismo,precisávamos correr.
    Quando chegamos á casa do chefe,algo nos deixa preocupadas,todos estão tristes e cabisbaixos.Então soubemos que nossos esforços foram inúteis,o chefe havia sido baleado essa tarde,fora atingido por uma bala perdida durante uma troca de tiros ocorrida numa cafeteria,
enquanto se passava uma tentativa de assalto.Nosso chefe tinha saído amparado pelos seguranças dele para tomar um Sol,pois sabia que hoje conseguiríamos um transplante para ele.Sentamos e choramos inconsolávelmente.Penso em como somos insignificantes diante das coisas que
simplesmente acontecem sem que possamos fazer algo pra mudar.Ele viu o Sol pela última vez aquela tarde.
     Subi ao quarto dele e vi um e-mail recém chegado em seu computador,era do hospital,ele era o primeiro na lista de espera para doação,exatamente do hospital para o qual seria enviado o fígado que roubamos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Composição de Domingo



                              Existem dias em que eu gostaria de não ter levantado da cama.Hoje é um desses dias.Domingo,um dia em que eu poderia passar tranquilamente
hibernando como um urso.Mas tenho trabalho a fazer.Sou músico,fui contratado para tocar em um evento nesta tarde.
                               Já passa de meio-dia e eu acabei de me levantar.Minha cabeça lateja como se meu crânio tivesse sido usado como badalo de um sino,mas não chegou
a tanto.Noite passada eu estava tocando meu violão em um palco de um pequeno bar quando uma briga começou.Assim que meus pés tocaram o chão na esperança de
encontrar o dono do bar e pegar meu pagamento,recebi uma garrafada na testa.Acordei com os bolsos limpos dez minutos depois;ao menos não levaram meus documentos.
Não recebi meu pagamento e me furtaram o pouco que trazia na carteira,ganhei um leve corte na testa e uma boa dor de cabeça.Mas uma coisa nova havia acontecido,meu dia
começou a ficar uma merda já de madrugada,que lindo,acho que vou compor uma música enquanto dirijo.
                               A minha vida começou a rumar para onde estou agora quando larguei a faculdade e me integrei a uma banda de rock.A banda não vingou,nenhuma gravadora gostou
do nosso som,éramos grunges em plena era colorida.Não havia espaço para nós no cenário musical contemporâneo.Devia ter me formado em letras mesmo.Agora me mato todos os dias
para sustentar meu aluguel.Mas essas coisas acontecem,a vida tem dessas coisas.
                               Chego no lugar onde irei tocar,não faço idéia de quem me contratou ou de como conseguiu meu contato,deve ter me visto tocar em algum bar pela cidade.É uma boate,está fechada
mas me mandaram vir essa hora.Estacionei,o pensamento de que caí numa espécie de pegadinha era constante em minha mente.Alguém acordou hoje e pensou em mandar um idiota vir a um endereço
qualquer,para ele perder seu tempo.Era o que parecia,se tratando da minha pessoa,era até normal."Que fase".Diriam as pessoas cheias de auto-estima,mas pra mim não,era mais que uma fase,já durava
dois anos.
                                Meu pensamento mudou quando veio ao portão um sujeito com pinta de capanga e realmente era,como fui descobrir mais tarde.Ele perguntou se eu era o cantor e me mandou entrar.
                                Lá dentro as cadeiras todas cobertas e o lugar vazio,continuei sem entender em que tipo de sacanagem estava me metendo.Até que o sujeito abriu uma porta escondida na parede dos
fundos.Ali estavam as pessoas mais bem vestidas que eu ja vi ao vivo,mulheres e homens,todos com roupas de luxo,só tinha visto isso antes em filmes que se passam em Las Vegas.Estavam ali,alguns
rostos conhecidos,uns deputados que vi na campanha eleitoral  na tv,o dono de uma rede de supermercados e um rosto que eu ja tinha visto nas páginas de um jornal,o contraventor procurado por envolvimentos com
máquinas de jogos de azar,Ricardo Rodrigues.
                                 O capanga me levou até Ricardo e eu logo soube onde estava e quem havia me contratado.Ali iria acontecer uma luta clandestina e eu fui contratado para tocar canções do Nirvana,a banda favorita da filha de Ricardo,
a jovem Anita.            
                                  Eu estava entre a corja de mafiosos mais suja da cidade.Entre politcos,traficantes e sabe-se lá o que mais.Mas não estava surpreso,estaria se fosse convidado para tocar no batizado de uma criança inocente.
                                  Ricardo me informou a programação do evento.Eu entraria no palco para tocar e a filha dele cantar.Foi o que aconteceu,tudo normal.Ja estavamos tocando por uns 40 minutos,as pessoas ali estavam completamente alheias
as canções,estavam mais preocupados com seus jogos.Cada mesa tinha uma roleta ou cartas de baralho.Era de se esperar que aquele tipo de gente não gostasse mesmo de Nirvana.A apresentação acabou,agora começaria a luta.Não quis ficar
pra ver.A tarde caía e eu temia ficar mais tempo ali,vai que chega policia,sei lá,quem sabe tem um policial infiltrado ali,nah,isso é coisa de filme.
                                  Recebi uma generosa remuneração.Fiquei com a impressão de estar recebendo dinheiro sujo,algo que sempre me neguei a fazer.Mas eu só fiz meu trabalho,sou um promissor cantor decadente,nada mais que isso.
                                  Saí pelos fundos,numa porta que dava para um beco.Ali parei congelado.A mais bela flor do jardim dos meus sonhos corria em minha direção,fui poético ao descreve-la,afinal de contas sou um músico,respiro poesia.
O rosto dela era o mais inocente que uma mulher adulta poderia ter.Era como uma doce criança no corpo de uma mulher.Se anjos andassem pela Terra não teria dúvida de que estava diante de um.Ela pegou numa de minhas mãos e disse:

                                                "-Por favor me ajude!"

                                                "-Claro!"não pensei duas vezes.

                                   Se eu tivese visto que logo atrás dela vinha um homem que mais parecia um gorila,minha resposta talvez fosse diferente.Mas nem tive tempo de pensar,tirei ela da direção e quando o homem enfurecido armou um soco,quebrei com
prazer o meu violão na cabeça dele.O cara era durão,ficou meio tonto mas não apagou,só que bastaram três chutes na cabeça,para desligar o cérebro dele.A mulher olhou para mim e soltou entre os lábios:

                                                "-Acho que você o matou."

                                                "-De nada."respondi ironicamente e prossegui:

                                                "-Você conhece esse homem?Por que ele a seguia tão enfurecido?"

                                                "-Não conhecia muito.E essa é uma longa história.Mas obrigada."

                                                "-Você poderia me agradecer melhor se me deixasse pagar-lhe um bebida talvez...Vou gastar grana comprando outro violão mas recebi bem esta tarde."

                                                "-Hum vejo que você é um artista,eu também sou.Mas não sei cantar nem dançar..."

                                                "-Então é atriz?"

                                                "-Também não,mas quanto ao agradecimento,posso passar na sua casa agora,melhor que gastar seu dinheiro."

                                                "-Gostei da idéia,vamos."

                                   Juro que não maldei a sugestão dela,ela tinha um jeito tão meigo e puro.Depois do dia que eu tive,só queria alguém para conversar e esvaziar minha mente.
Só que na verdade o puro e inocente fui eu.Se quem inventou a frase"uma dama na rua e uma vadia na cama" estivesse pensando nela,não teria sido tão cabível.
O rosto inocente e o jeito meigo desaparceram,aquele mulher me jogou no meu sofá e me faz gastar as mais bem gastas energias de toda a minha vida.Foi incrível.Depois de horas
caimos um para cada lado,esgotados.Parecia que minha sorte tinha mudado de uma hora para outra.Só parecia.Eu caí no sono por alguns minutos e quando acordei,ela ja tinha partido.Conferi minha carteira
e lá estava todo meu dinheiro.Sorri,minha sorte tinha melhorado,por apenas uma tarde,mas tinha melhorado.
                                    Levantei e fui para o computador,não sabia o nome dela mas queria encontrá-la,ela tinha pinta de atriz mesmo,mas sem o nome era impossivel achá-la.
O que aquele homem queira dela,era apenas um assaltante?Ou ela o conhecia?Não conseguia parar de pensar.Minha sorte podeira mudar se eu tivesse comigo uma figura tão meiga e completa
como ela.Uma mistura perfeita de armonia e caos era aquela dama.Isso,ela era uma dama,que escondia uma fera dentro de si.
                                    Numa atitude pouco inteligente voltei ao endereço naquela noite.E sim lá estava o sujeito que eu apaguei.Ele tinha umas mulheres com ele,eram prostitutas nitidamente.Eu chamei uma
e pude ver que aquele homem era um cafetão.Ele veio junto da mulher,ja me preparava pra sair com o carro mas ele disse:

                                              "-Olha só,você é o herói que salvou Raquel esta tarde."

                                  O homem sabia o nome dela.Uma das moças entrou no banco do carona.Ela me ofereceu seus serviços e eu acelerei.Ela se assustou.Mas eu a tranquilzei.Apenas perguntei se ela conhecia Raquel.
Ela me disse que não sabia muito sobre ela,apenas sabia que ela era nova empregada daquele homem chamado Jonas.Também me contou que Raquel havia roubado 10 mil em dinheiro de Jonas.
Não sei o que me surpreendeu mais,o fato de ela ser uma prostituta ou uma ladra.Estranhamente agora eu queria mais do que antes encotrar aquela mulher,queria conhecer a historia dela.A prostituta me perguntou de
onde eu conhecia Raquel.Lhe respondi com outra pergunta:

                                                "-Tem idéia de como eu poderia encontrá-la?"

                                                 "-Tenho aqui um cartão que caiu da bolsa dela,ontem quando a vi pela última vez.Mas não sei se tem algo a ver com ela."

                                                  "-Deixe-me ver."estacionei o carro numa esquina e comecei a analisar o papel.

                                    No cartão estava escrito:"Antunes,transporte de cargas e mudanças".E tinha um número,era a única pista que tinha não quis ignorar.
                                    A prostituta desceu do meu carro,disse que seu nome era Cláudia e que eu deveria procurar por ela quando estivesse a fim de me divertir.Considerei a orfeta por uns segundos em minha mente,mas voltei logo
a pensar em Raquel.Por que roubar tanta grana de um cara aparentemente tão perigoso?
                                    Peguei meu celular e liguei para o tal Antunes das cargas.Ele atendeu no primeiro toque:

                                               "-Alô?"
                                              
                                               "-Senhor Antunes?"

                                               "-Sou eu,mas não trabalho hoje,é domingo!"

                                                "-Não quero seus serviços senhor,só quero lhe fazer uma pergunta."

                                                "-Que tipo de pergunta?É da polícia rodoviária?!Escute aquilo não era meu,apenas transporto,sou pago pra isso,não cabe a mim verificar o que há na carga...

                                                "-Não,não se preocupe senhor,apenas quero lhe perguntar se conhece Raquel..."

                                                "-Minha filha!Você é o cafetão que está com ela,não é?!Seu miserável!"

                                                "-Pelo contrário senhor,quero ajudá-lo a encontrar sua filha,podemos nos encontrar logo mais?"

                                                "-Mas quem é você?"

                                                "-Apenas um amigo."

                                       Vinte minutos depois nos encontramos em um bar perto da residência de Antunes.Ele me contou todo o decorrer dos fatos detalhadamente até ali:

                                                    "-Eu estava carregando 100 mil reais em produtos receptados do Paraguai.A polícia rodoviária me parou,pediram a nota fiscal dos produtos,eu lhes apresentei a nota.
Porém acharam um pacote com algumas gramas de cocaína no meu porta luvas.Então tive que oferecer mercadorias num somatório de 10 mil reais aos gentís senhores.5 mil para cada um.Malditos exploradores!
O problema é que a carga era para o ilustre senhor Ricardo Rodriguez,não sei se você o conhece."

                                                     "-Sim,estive com ele essa tarde.Coincidência...Homem de negócios,não?"

                                                     "-Exatamente.Aquele sujeito não tolera falhas,foi meu primeiro trabalho para ele.E provavelmente o último.
Quando eu cheguei com 10 mil a menos na carga ele percebeu.E me deu um prazo de 3 dias para repor seu dinheiro ou eu pagaria com a minha própria vida.Minha filha soube desse fato,e sumiu logo depois,temi que
ela tivesse sido raptada pelos homens de Ricardo,mas daí você me apareceu falando sobre Raquel."
                        
                                                      "-Quando foi que isso tudo aconteceu?"

                                                      "-Três dias atrás.Agora vai me dizer se sabe onde está minha filha?"

                                        Eu ia lhe contar tudo o que sabia.Raquel havia se arriscado para salvar-lhe a vida,ela roubou Jonas para pagar a dívida do pai.Porém enquanto conversámos uma BMW parou ali na calçada em frente ao bar,seu Antunes
reconheceu o carro,era de Ricardo Rodriguez.Antunes levantou da mesa puxou uma pistola da cintura e saiu do bar:

                                                      "-Veio tomar a minha vida,não é seu canalha!?"

                                         Ricardo já saiu do carro com uma metralhadora,era noite e havia pouca gente na rua,mas os gritos se misturaram as balas.Antunes atingiu Ricardo que enquanto agonizava atirou contra Antunes e contra seu próprio carro.
Quando os disparos terminaram,eu saí eu fui ver Antunes,estava morto,Ricardou pronunciou com a boca cheia de sangue:

                                                       "-Sua filha me pagou estúpido!Só vim lhe dar uma carona!"Ricardo espirou ali também.Mas suas palavras me fizeram correr até o carro.

                                           Lá dentro encontrei o anjo que me encantou.Apertando sua barriga contra si.Raquel,a filha dedicada estava morrendo.Minha garganta secou e lágrimas saíriam pelos meus olhos se eu não as tivesse contido.Não havia nada que
pudesse fazer.Ela fez um gesto apontando para trás do carro e docemente fechou seus olhos.Olhei para trás e não vi nada diferente,então fui ao porta-malas.Lá dentro encontrei uma mochila.Não tive tempo de abri-lá.A polícia chegava com suas indiscretas sirenes.
                                           Ao chegar em casa abri a mochila,nela estavam malotes de dinheiro em notas de cem.Contei pouco mais de R$ 9,800 reais.
                                           Pode parecer que sou insensível mas a sorte me sorriu.Estava com um dinheiro que não pertencia a ninguém.
                                           A memória de Raquel não seria esquecida.Compuz uma canção.Eternizei a delicada fera em poesia e versos.









segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Mistério de Bampton-parte 1

                 Essa manhã chegou a notícia de que mais uma menina desapareceu,já são três apenas em uma semana,isso já está aterrorizando
a pequena população agricultora da cidadezinha.
                 O reverendo Curtis mandou me chamar,o reverendo é amigo de meu pai.Eu estava prestando serviço militar na Escócia,aprovetei
o período de descanço que me foi concedido para vir,recebi um tiro no braço esquerdo,por isso consegui licença médica.
                 Não tenho nenhuma experiência em investigações desse tipo,mas o reverendo insistiu ao meu pai para que eu viesse,por algum motivo
ele não queria envolvimento da polícia e fez questão de saber se eu era Catequizado ou ao menos Batizado.
                Hoje 22 de Maio de 1859 chego na pequena cidade de Bampton,é praticamente um vilarejo aqui em Oxfordshire.
                Pessoas humildes,alguns vira-latas na rua,as pessoas realmente parecem assustadas,nenhuma criança brincando por aqui,crianças apenas
as de colo,devidamente agarradas aos ombros dos pais,chego até a capela que fica situada geograficamente no centro da cidade e o reverendo Curtis
vem me receber:

                "-Jovem Baskerville,como você cresceu!" eu não via aquele homem desde que eu tinha 2 anos de idade,estranho seria se eu não tivesse crescido
18 anos depois....

                "-Sim,é verdade reverendo."

                "-Vamos,entre,venha tomar um chá e descansar da viagem."

                 "-Aceito o chá,mas não pretendo perder tempo,vim aqui para uma tarefa e desejo executa-lá."

                 "-Ah,sim mas não se apresse,não queremos meter os pés pelas mãos,não é mesmo?hahahaha..."


               Fomos para pequena residência localizada na latarel do terreno da capela,conversamos um pouco sobre mim,Curtis estava curioso sobre meus talentos,
lhe disse que era o número um em tiro em distância no exército,excelente aluno nas matérias de engenharia química e botânica,havia puchado o temperamento de
meu pai,isso o reverendo pode perceber em nossa conversa,um tanto impulsivo e ancioso em começar a fazer algo que me foi dito a fazer,não pude aguentar por
mais tempo aquela conversa,e me antecipei:


                "-Mas diga,senhor reverendo,algum motivo especial para as autoridades locais não serem acionadas,não há polícia por aqui?Sequestro é coisa séria.
Ninguém se mostrou interessado em achar tais meninas?Três em uma semana,não me parece que elas tenham se perdido no bosque."

               "-Oh,Michael Baskerville,filho de Vito Baskerville,exatamente como o pai,apressado como uma locomotiva,pois bem,vou lhe situar aqui Michael."

                "-Ficaria grato reverendo."
            
                "-Hoje é,segunda feira,exatamente á uma semana atrás,sumiu a primeira garota,Joana,ela foi vista pela ultima vez aqui na capela,no fim de tarde,eu e mais
duas senhoras que estávamos por aqui vimos quando ela entrou,rezou ajoelhada,nos ultimos lugares ao fundo da capela,comprimentou-nos de longe com um aceno,
e foi para casa,não chegou lá até hoje.No dia após o seu sumiço,seus pais,senhor e senhora Thompson,foram até a cabine policial,que conta com dois guardas,que
resumem toda a força policial de nossa cidadela,já que crimes não são comuns por aqui,afinal todos se conhecem na cidade.Os policiais Milles e o tenente Locke,
não demonstraram muito esforço e dedicação,disseram que cedo ou tarde ela apareceria,deveria ter fugido com o namorado,o que irritou o senhor Thompson,pois
sua filha moça não haveria de ter namoros escondidos.Então os Thompson foram ao prefeito Widmore que alegou compromissos importantes e não os antendeu,
daí vieram a mim...

               "-Puxa mas isso é realmente um absurdo,as autoridades locais se omitirem dessa forma."

               "-Pois bem,a cidade não está habituada a lidar com criminalidade,por isso,procurei seu pai,um militar de confiança,cansado e aposentado ele me indicou você,
jovem Michael."

               "-Também não tenho experiência em casos desse porte reverendo,mas me dedicarei ao máximo nisso.Algo mais sobre a senhorita Joana?"

               "-Bom,sobre ela,me parecia agitada,corria lágrimas de seus olhos,mas era normal isso,pessoas que rezam com muita fé costumam se emocionar,vejo isso sempre
aqui na igreja.Mas ela me parecia arrependida de algo,talvez tenha sido só impressão,pois se realmente fosse o caso ela viria se confessar comigo e amenisar suas preocupações."

               "-Hum,ela estava agitada,isso é bastante relevante,Joana Thompson,desaparceu na segunda-feira e as outras duas meninas...? Prossiga por favor."

               "-Bem,na tarde de sexta-feira Elizabeth Carter saiu para comprar pães e não voltou para casa,sua família deu por sua falta na mesma noite,indo até a delegacia,em vão,
novamente os oficias fizeram pouco caso do fato.E nessa manhã,como o senhor ja sabe a senhorita Kate Austen também desapareceu em circunstâncias parecidas,saiu para
comprar frutos na praça central da cidade e não voltou mais."

                "-Realmente a omição e incopetência das autoridades locais é algo vergonhoso.De fato isso favorece o nosso possivel sequestrador,na verdade pra mim está claro que os
desaparecimentos estão de alguma forma ligados e não são aleatórios,provavelmente são obra de um mesmo sequestrador por assim dizer,desconhecemos seus motivos,porém
podem ser os mais sórdidos.Reverendo Curtis,existe algo em comum entre essas moças,alguma particularidade que elas tenham em comum,além de serem moças?"

                "-Que eu saiba,ambas têm exatamente a mesma idade,17 anos ,são donzelas,se é que o senhor me entende,mas creio que isso não seja algo relevante."

                "-Todos os fatos são relevantes,o senhor tem algum suspeito?Talvez algum homem solteiro ou alguem estranho rondando pela cidade?"

                "-Bom,sei que o senhor é batizado e catequizado e temente a Deus,eu tenho um suspeito sim,pra ser exato uma suspeita,a velha bruxa Eloise,que mora na parte mais
afastada do bosque..." nessa hora tive que interromper o velho.

                "-Bruxa?Reverendo,apesar de cristão eu também sou um homem da ciência,feitiços e bruxarias não existem,não espere que eu acuse uma velha,provavelmente fraca
e incapaz de sequestrar jovens saudáveis que não se deixariam capturar por tal senhora."

                "-Jovem Baskerveille o senhor não conhece Eloise,aquela mulher é serva do demônio.Já fez terras deixarem de prosperar apenas ao dizer algumas blasfêmias e maldições
contra o dono do terreno."


               Encerrei minha conversa com o reverendo ali,antes que ele tivesse a idéia de queimar a velha Eloise.Peguei com ele o endereço das famílias das moças,me despedi e me dirigi
até o quarto onde eu ficaria hospedado,no terreno mesmo da capela,próximo a casa do reverendo.
               Eram poucos passos da casa do reverendo até o quarto,mas no caminho até eu encostar na maçaneta da porta,tive a impressão de estar sendo observado,correu um vento gelado
atrás de mim,me virei e vi dois olhos arregalados me fitando,quase cai pra trás,quando a coruja que estava pousada na árvore levantou voô,era só uma simples coruja,tsc,velha bruxa...
faça-me um favor!
                Antes de dormir,o reverendo bateu a minha porta,me convidando para tomar um chá,ele estava recebendo o prefeito Widmore,estranhei o horário,mas o prefeito de fato era um homem
muito atarefado,Curtis me apresentou a Widmore,sentamos a mesa,nos servimos e começamos a conversar sobre a situação:
               O prefeito tomou a palavra:


               "-Pretendemos conduzir essa investigação em sigilo,por nossa conta, eu e meu amigo o Curtis,depois da segunda vítima tive que largar alguns afazeres e me envolver nesse caso.A cidade
está totalmente preocupada e temerosa,sua chegada aqui me deixa mais tranquilo,senhor Baskerville,a nossa força policial é limitada e eu não os culpo por isso,nossa cidade não está acostumada
com violência.Curtis me disse que o senhor viria,um jovem do exército,ja nos deixa mais seguros,pois bem,vim aqui só me apresentar ao senhor,sei que o senhor num tem muita experiência em casos
desse tipo mas todo ponto de vista de alguém de fora é muito válido."

               "-É um prazer conhece-lo prefeito Widmore,receio que meus conhecimentos em investigações se limitem a simples leituras de contos policiais mas espero atender a altura toda a cofiança que os senhores
depositam em mim."


            Fomos surpreendidos por batidas fortes e apressadas na porta,olhamos um para o outro a cara do prefeito era de espanto enquanto ele me perguntava se eu estava armado,respondi positivamente e pedi
que o reverendo abrisse a porta enquanto eu ficaria por trás dele.O assombro daqueles senhores era desnecessário,pois quem estava na porta era o secretário do prefeito Widmore,Perkins,ofegante e contente por
ver que o prefeito estava do meu lado e junto de Curtis.O fiel secretário pensara que o prefeito tinha sido sequestrado também,por que ele havia saído de sua residencia silenciosamente sem avisar.Tranquilos encerramos
o encontro,ofereci compania ao prefeito até sua casa,percebendo que o homem estava alarmado como toda a cidade,mas ele disse que não precisava,enfim fomos dormir.
            Na manhã seguinte pulei da cama  com disposição,estava ancioso para essa nova empreitada,fiz uma relação das datas dos desaparecimentos,para conversar com as famíliase saber melhor as circunstâncias dos
desaparecimentos.Joana Thompson,a primeira vítima,vista pela última vez pelo próprio reverendo Curtis na capela,começarei indo até a casa dos Thompsons.
            Engoli meu café da manhã e apressei o reverendo,montamos cada um em um cavalo e saimos.
            Algo diferente estava acontecendo estavam reúnidas muitas pessoas na praça central da cidade,diria que estava lá toda a população da cidade.Era um discurso,me avisou Curtis,olhei para o palco e pude ver Perkins ao
microfone,nesse momento ele começava a dizer coisas que não nos agradou muito,mas agradou a população:


             "-Queridos amigos,não precisam mais se preocupar,um detetive vindo diretamente das forças armadas esta na cidade para investigar a situação que nos assusta,o senhor Micahel Baskerville..."nesse momento Widmore
entrou enflamado no palco e puxou-o para longe do microfone.O prefeito não podia desmentir seu acessor,então ele apenas esfriou a multidão que aplaudia como louvor:

             "-A cidade de Bampton nunca teve o que temer e não vai ser agora que terá.As providencias estão sendo tomadas,as familias das vitimas podem contar conosco,a prefeitura está comprometida nisso eu os asseguro.Agora
peço licença aos senhores,pois preciso falar em particular com meu caríssimo amigo Perkins.Tenham todos um bom dia."


              Perkins provavelmente ouviria muito do seu chefe esta manhã,ele acabara de mandar por terra a parte sigilosa da nossa investigação.
              Mais a frente em meio a multidão,o reverendo me apontou um casal tristonho que por ali estava,eram o Sr. e Sra. Thompson.Pedi que o reverendo os chamasse,prendemos nossos cavalos,reúnimo-nos ali na praça
e nos apresentamos.Sra.Thompson pediu para conversar separadamente com o reverendo Curtis,eu e sr.Thompson ficamos em pé um tanto perto deles,não o bastante pra ouvir sobre o que conversavam.Sr.Thompson não parava
de apertar minha mão e exclamar:


                 "-Ah,senhor Baskerville é muito bom saber que temos um profissional por aqui.Minha filhinha...Não consigo nem imaginar o que pode estar acontecendo com ela agora...Não sei do que sou capaz se por as mãos no responsável!"

                 "-Entendo o senhor,mas tente se acalmar,farei tudo o que eu puder para achar as três meninas a salvo.Agora diga-me sr.Thompson,antes de desaparecer,o sr. pode observar algum comportamento diferente da parte de Joana?"

                  "-Hum,uns dois dias antes,realmente ela parecia um tanto calada,descuidada em seus afazeres,mas pensei que ela estivesse com algum mal estar,nada mais do que isso."

                  "Hum,sei...E ela tinha alguma amiga próxima que talvez possa saber os motivos dela andar um tanto preocupada?"

                  "-Não,ela não tinha muitas amigas.Ela é uma menina muito dedicada em suas tarefas e a nossa família,não era como as outras que viviam pela praça nos fins de tarde,trocando olhares com os garotos.Essa cidade não tem
muitos jovens da idade delas e agora as que tem por aí,não saem nem de casa,temerosas,com razão."

                  "-Entendi.As outras que ficavam na praça,Kate Austen e Elizabeth Carter estão entre essas?"

                  "-Elizabeth,essa moça sim,as vezes reparei ela conversando com minha filha,mas não sei dizer se eram amigas.Agora a jovem Kate Austen,estava sempre na praça,mas não sei nada
sobre ela,só o que todos na cidade sabem,ela foi criada sem pai,que era um bêbado, e morreu quando ela tinha seus 7 anos.Algo mais que eu possa ajudá-lo,sr Michael?"

                  "-Não,tudo bem o senhor ja me forneceu relevantes informações.Não vou mais perturbá-lo com isso.Obrigado sr.Thompson."



                  Começavam a surgir lampejos em minha mente,em meio ao caos,teorias começavam a se formar.O reverendo veio até mim,despedimo-nos do casal,sra.Thompson apertou minha mão
com força e me desejou sorte.
                  Chamei o reverendo para nos dirigirmos até a casa dos Carter,saber mais sobre os passos de Elizabeth e quão próxima era sua relação com Kate Austen e Joana Thompson.
                  No caminho o reverendo me contou sobre a conversa reservada que teve com Sra.Thompson:


               "-Sra.Thompson não foi específica,até porque ela não tinha certeza do que falava.Ela me disse que recentemente Joana lhe perguntava sobre coisas do passado,coisas de quando Joana era pequena,
coisas sobre o prefeito,estranhamente ela queria saber como o prefeito foi eleito e conseguiu uma devoção incrível da populção de Bampton.Isso não faz o menor sentido,nada parece ter a ver com o caso."

                "-Porém reverendo,fatos são fatos e são imutáveis,não se pode ajustar fatos para que se encaixem em teorias e sim teorias aos fatos,diga-me,a que se deve grande admirição do povo pelo sr.Widmore?"

                "-Pois bem,existia a cerca de uns 10 anos atrás nessa cidade um único homem que ousava ifringir a lei,o único que ocupou algumas vezes e velha cela de nosso posto policial.O indíviduo era um
encrenqueiro de primeira linha,bebia,brigava com homens de bem.Este homem era o rústico sr.Austen."

                 "-O falecido pai de Kate Austen,o que houve com ele,como morreu?"

                 "-Uma tragédia,mas é como disse Nosso Senhor:"Quem vive pela espada,por ela morrerá."Certa vez Austen estava possesso,descobriu que sua mulher o traía com o delegado de polícia,que na época
não era ninguém menos que o sr.Widmore.Austen os viu aos beijos,enquanto sua pequena filha brincava no quintal de casa.Sem pensar Austen roubou a arma de Widmore que estava sobre a mesa,apontou para
sua esposa e só não disparou,por que nessa hora sua filha entrou na casa,mesmo um homem como Austen não tiraria a vida de uma mãe na frente da própria filha.Então sr.Austen correu gritando para a praça
central,estava louco,como nunca antes.A cidade toda observava da janela de suas casas indignados,vendo que Austen tinha chegado ao limite da insanidade.Os policias Miles e Locke chegaram,Austen baleou
Locke na perna e nesse momento,nosso atual prefeito Widmore chegou,pegou a arma da mão de Miles e disparou,matou sr.Austen com um tiro certeiro no peito.A cidade estava livre de seu único criminoso,sr.Widmore
saiu da policia e se candidatou no ano seguinte.Ninguém na cidade se sensibilizou pela familia do monstro e apenas eu sei que sra.Austen e Widmore tinham um caso e agora o sr.também sabe."

               "-Puxa,esse é um fato importantíssimo,Austen foi morto por Widmore,que virou um herói local,mesmo sendo um adúltero em segredo,ele lhe contou sobre a traíçao numa confissão,reverendo?

               "-Lógicamente que não,se não eu não poderia lhe contar isso,não é mesmo?"

               "-Hehehe,exato.E como foi a vida de sra.Austen e o crescimento de Kate,depois dessa tragédia?"

               "-Bom,para sra.Austen foi um alívio,pois acabava ali,as surras que ela levava de seu marido,porém Widmore não mais se relacionava com ela,isso sim a traumatizou,vivia largada e descuidada na educação de Kate.
Kate,foi crescendo,teve uma infancia dificil,mesmo com tratamentos psicológicos a pequena sofreu a morte do pai,que apenas com ela era carinhoso.Ultimamente ela vivia pela praça,jogando papo para os garotos que por lá
andavam,isso claro,antes dos sequestros.Coitada,como se os sofrimentos de sua infancia,não fossem suficientes agora ela foi raptada,sabe-se lá por quem.Mas eu temo que tenha sido a velha Eloise,precisamos ir na casa
da bruxa também,sr.Michael."

               "-Não se preocupe,reverendo,não deixaremos nenhum fio solto.Resumidamente as únicas pessoas na cidade que sabem sobre a relação de sra.Austen e Widmore,são o próprio casal,Kate e o senhor.Nesse momento,
como é a situação da viúva?"

               "-Ah,ela nunca sai de casa,vive trancada desde e o fato,mas criou a filha sem negligência pelo que parece.Agora ela deve estar pior,coitada..."

               "-Certo,vamos prosseguir está quase na hora do almoço e ainda temos que ir ver os Carter,passar na casa da viúva Austen e ver a tenebrosa Eloise,hahaha..."


              Chegamos a residência em 10 minutos.O tempo nublado completava a sensação sombria daquela cidade,parece que vem chuva,talvez á noite.
              Ao nos ver pela janela ,o irmão de Elizabeth tratou de correr ao portão e abrir a porta.
              O jovem se chamava Jones,me tratou como se eu fosse um excelente detetive,fiquei encabulado de desmentir.
              Entramos e nos juntamos aos pais dele.Gentilmente fomos convidados para almoçar,meu estômago me impediu de recusar.
              Aquela família estava muito triste,Elizabeth era querida por todos,uma excelente menina,porém era muito inocente e me pareceu facilemente influênciável.
              Evitei perguntar muitos detalhes sobre a menina,para não estragar o apitite dos pais deixando-os mais comovidos,mas o jovem Jones falava muito e me fornecia
detalhes interessantes.
              Depois de comer sentamos ao sofá e pude perguntar mais detalhes a Jones.Ele me contou que sua irmã trabalha na prefeitura,ela e sua mãe são responsáveis
pela cozinha do lugar e diga-se de passagem o almoço que nos foi servido demonstrava dotes culinários da perte daquela senhora.Elizabeth não era funcionária da prefeitura
mas estava por lá frequentemente para ajudar sua mãe,isso me chamou a atenção.Perguntei a Jones se ele conhecia algum lugar na região que pudesse ser usado como cativeiro
e ele me respondeu:


               "-Bom,existe um bosque ao sul da cidade,ninguém ousa ir até lá,inclusive há uma caverna por ali."

               "-Me parece um bom cativeiro,isolado e ninguém ousa ir lá,por quê?"

               "-Por causa da bruxa! A velha Eloise ja foi vista lá portando nas mãos a cabeça de um bode.Eu temo que minha irmã esteja nas mãos dessa velha ocultista."


           Esta vizinhança acreditava mesmo nessa história de bruxaria,um tanto alienado esse povo do campo.Não quis mais permancer ali,aquela família estava realmente muito
abalada,então agradecemos pela refeição,e prosseguimos.





FIM DA PARTE-I

O Mistério de Bampton-parte 2

PARTE-II



                              Iriámos agora para a casa da viúva Austen,ja começava a ventar bastante.
                              No caminho os corvos pareciam nos seguir,o meu cavalo num galope forte me atirou no chão,olhei para o reverendo lhe perguntando
o que haveria de ter acontecido para o seu cavalo tão manso repentinamente me atirar no chão.Curtis estava pálido apertando o rosário contra seu peito,
a frente se avistava uma figura sombria de capa preta,era a velha Eloise.
                              A figura daquela mulher me fez correr um frio gelado na espinha,soube que era Eloise quando o reverendo exclamou:

                             "-Siga seu caminho para longe,serva da escuridão!"

                               Não sei,se ela pode ouvir as palavras de Curtis,mas ela lançou um olhar em nós que parecia penetrar em nossa alma.
                               A mulher acenou para mim e me chamou,Curtis balançou a cabeça negativamente para mim,mas tentando afirmar para mim mesmo que não
temia aquela idosa de aspecto tenebroso,fui de encontro a ela.
                               Ela me olhou dos pés a cabeça e me arrepiei quando ela afirmou:

                              "-Então o senhor esteve na Escócia." Por um segundo achei que aquela velha tinha realmente poderes místicos,mas confirmei a afirmação de
Eloise:
                              "-Sim e a senhora pode deduzir isso pelo broche que carrego no peito,um brasão militar da Escócia."

                              "-Bem,se o senhor estivesse afim de esconder esse fato,não deixaria a amostra seu broche,não é mesmo?"

                              "-Gostaria mesmo de conversar com a senhora,dona..."

                              "-Eloise,vamos,senhor ja haveria de ter ouvido meu nome antes.Eu gostaria de conversar com o senhor,pode vir até minha casa?"


                            O reverendo estava recioso mas nos acompanhou,de uma certa distância.No caminho perguntei a velha,sobre o bosque e a caverna,senti
que ela não mentia quando disse que ninguém ia lá,inclusive ela,por muito tempo este é um lugar não visitado.Minha vontade de explorar o lugar era grande,
mas no dia de hoje era impossivel,tinhamos mais a fazer,talvez á noite,seria a té melhor,pois assim chegaria sem que alguém pudesse esperar,bastava levar
um lampião e minha arma por segurança.                        
                           Chegamos a casa.Eu e Eloise entramos,o reverendo preferiu aguardar do lado de fora,ele nem se quer dirigia uma palavra a velha.Era a casa mais
mórbida,porém detalhadamente arrumada que eu jamais havia visto.Sentei-me,recusei a bebida que ela me oferceu,tinha um cheiro estranho.Começamos a conversar:

                           "-Então,a senhora tem alguma informação que possa me ajudar no caso?"

                           "-Infelizmente não,não sei de nada.Três pobres moças,lindas,todas as três..."

                           "-Senhora,não sei então porque me fez vir até sua casa."

                           "-Meu jovem,eu quero lhe fazer uma denúncia.Eu fui roubada,a policia aqui não se meche muito,o que me foi tirado é algo importante pra mim,o senhor pode
me ajudar?"

                          "-Roubada?O que lhe foi furtado senhora?" Não tinha tempo a perder com o que quer que seja,mas não quis desapontar a velha.

                          "-Roubaram um livro meu,o mais perigoso se cair nas mãos de alguém talentoso.Sei que o senhor tem um caso importante agora,mas achei que deveria lhe informar
para o caso de o senhor encontrá-lo por aí."

                          "-Tem certeza de que a senhora não o perdeu pela sua casa?Procurou bem?"

                          "-Livros não desaparecem.Entendo que o senhor esteja ocupado,mas achei importante avisá-lo,este é um livro perigosíssimo."

                          "-Que tipo de livro era senhora?"

                          "-Era um livro sobre hipnóse e técnicas de controle da mente.Olhe para meu cachorro senhor,apenas li o livro diante dele,o pobrezinho mal come e anda,perdeu completamente
toda a verocidade que ele tinha."

                    
                         Eu não tinha reparado,mas havia um vira-lata,praticamente petrificado no canto da sala,parecia estar empalhado.Me arrepiei de novo e fiquei uns segudos em silêncio,teorias apareciam,
algumas coisas começavam a ficar claras.Mas eu sabia que era inútil teorizar antes de se obter todos os fatos,isso é um erro capital.
                         O medo que eu tinha de Eloise me arrebatou,levantei rapidamente,me despedi e disse que faria o que pudesse para recuperar o pertence da velha.
                         Quando eu ja estava na porta a velha pegou minha mão,olhou bem para a palma,deu um sorriso e disse:


                            "-Uma paixão cairá sobre você como um raio."


                        Não entendi o que Eloise quis dizer,nem dei importancia.O reverendo estava lá na porta me esperando,gastamos um pouco de tempo ali,mas até que me pareceu útil.Partimos
então para casa da viúva Austen.
                        Austen era uma mulher inválida,traumatizada pelo seu passado,vivia triste,sem obejetivos.E parecia não se importar muito com o sumiço da filha.Ela nos recebeu normalmente,ela não era insana
só era triste,não parecia nutrir remorso.Vivia de uma pensão ganhada por aposentadoria,só se importava em manter sua casa limpa.Fiquei com a impressão de que ela somente precisava de alguem para conversar,
um acompanhamento psicológico lhe cairia bem.Não nos demoramos lá,ela não tinha muitos detalhes a nos fornecer.
                        Á noite começava a cair e a chuva também,era fina e gelada como agulhas.Voltamos para o terreno da igreja.
                        Descansamos e jantamos,não parei de pensar sobre o caso um segundo desde que cheguei a Bampton.O quarto de hóspedes onde eu estava era pequeno como um cárcere,eu imaginava como estariam as meninas
nesse momento.A caverna do bosque me parecia um lugar perfeito para um cativeiro,se não estivesse chuvendo forte eu iria até lá agora mesmo,a chuva vinha como rajadas do céu.
                       Parei diante da janela e comecei a criar uma linha do tempo dos fatos,juntei todos os pontos e algumas coisas fizeram sentido.
                       Tinha mergulhado tão fundo em meus pensamentos que quando avistei alguma coisa lá fora me pareceu irrelevante,mas passei a mão pelos olhos e voltei ao mundo real,olhei de novo e vi alguém lá fora.Alguém encapuzado
por uma veste preta.Quem sairia naquela chuva e pra onde iria?
                       Aquela pessoa estava ali parada como que perdida.Não pude mais só olhar,agarrei meu guarda-chuva e corri para fora,sem esquecer minha arma evidentemente.
                       Pensei em seguir de longe aquele individúo mas ele não ia a lugar nenhum estava parado olhando para os lados,então eu o chamei.
                       Quando a pessoa se virou e me olhou me surpreedi,era uma linda jovem!O que essa garota fazia aqui?Por acaso não temia?Estava alienada quanto a situação?
                       Ela sorriu e veio até mim,me abraçou tão forte que minhas costelas estalaram.Fiquei sem reação logo de cara mas o abraço durou muitos segundos me dando tempo para pensar e chamá-la pra entrar.
                       No meu quarto havia uma pequena lareira sentamos em volta dela para nos prevenir de um resfriado.Como ela é linda!Ela só sorria e agradecia,então a questionei:

                           "-O que fazia parada lá fora nessa chuva?"

                           "-Bem,e-eu na verdade não sei bem,estranhamente não consigo me lembrar,direito."

                           "-Por acaso bateu a cabeça ou algo do tipo?"

                           "-Provavelmente acho que sim,não consegui identificar o caminho de casa."

                           "-Hum,qual o seu nome,senhorita?"

                           "-Joana Thompson."

                           "-O quê?Perdão,pode repetir seu nome?!"

                           "-Eu me chamo Joana Thompson,senhor."

                    
                     Antes que eu pudesse esboçar uma expressão maior de surpresa,ela me beijou.Foi tão intenso que eu quase esqueci completamente todas as minhas teorias.Se esse foi o jeito que ela encontrou para me agradecer
por te-lá tirado da chuva fria,não poderia ter sido melhor.
                     Estava surpreso por ver a Joana ali em minha frente,mais ainda por ela ter me beijado.Corri com ela para o casebre do reverendo.Ele nos atendeu depois de quase derrubarmos a porta,ficou tão surpreso quanto
eu ao ve-lá.
                     Imediatamente nos encapuzamos e fomos a residencia dos Thompson.O casal ficou indescritivelmente feliz ao ver a filha,como era de se esperar.Começavam a me agradecer,mas eu rapidamente
tirei o mérito dos meus ombros dizendo que a havia encontrado no meio da rua simplesmente.Nesse instante fiz as perguntas que ja estava ancioso para fazer.Onde ela esteve?Quem a levou?E como ela escapou?
                     A resposta dela foi ainda mais enigmática.Ela simplesmente não se lembrava de absolutamente nada do que lhe acontecera nos últimos dias.Ficamos perpléxos,mas tentei tranquilizar a todos dizendo que isso pode
ser normal em casos de traumas psicológicos,o cerébro tende a simplesmente apagar coisas ruins.Disse que era melhor ela descansar e amanhã voltaríamos a conversar.Voltamos eu e o reverendo para o terreno da igreja,
sem trocar uma palavra,estava mergulhado em meus pensamentos.Comecei a ligar alguns pontos,então.
                     Levantei antes do Sol raiar.A cidade ainda dormia enquanto eu peguei minha arma e me dirigi até o bosque.O frio matinal me corria o corpo,mas eu me arrepiava mesmo por que estava com medo de entrar naquele
lugar sozinho.Prossegui por ele decorando o caminho que estava fazendo,para não me perder.Não foi dificil achar a caverna.Os primeiros raios de Sol ja raivam.Meti a cara na entrada da bifurcação de arma em punho.O buraco
era miúdo,dava pra ver o fim dele ali mesmo da entrada.Sim,era um lugar perfeito para encarcerar três moças.Mas não tinha ninguém lá.Entrei,olhei,examinei,achei algo.Um ramalhete de uma planta,estava amaçado no chão.Não
sabia que tipo de planta era,mas sabia exatamente onde eu ja tinha visto outra daquela.Guardei o ramo e fiz o caminho de volta.O Sol iluminava o lugar e eu pude ver por ali,alguns entalhes nas árvores.Estremeci ao pensar quem
deveria ter feito ali aqueles bonecos,como se fossem voodoos.Eloise provavelmente.Sem dúvida aquela mulher tinha conhecimentos relevantes em ocultismo.
                     Reverendo Curtis ficou surpreso por me ver ja de pé e de sapatos enlamassados.Contei a ele que estive no pântano mas que não havia ninguém na caverna,porém encontrei indícios de que talvez alguém pudesse
ter ido lá e ao sair limpado seus vestígios.Mas se não havia não conseguimos pensar em outro lugar na cidade que service tão bem como cativeiro.Enfim,anciosos,seguimos à casa dos Thopmson.
                     Estavam a mesa do café,felizes,os três sorrindo.Nem duvidamos em aceitar o convite para o desjejum.
                     Quebrei o silêncio,não podia mais aguentar a curiosidade:

                          "-Joana,como se sente esta manhã?"

                          "-Bem senhor Michael,obrigada por ter me ajudado ontem à noite.

                          "-Eu não fiz nada,apenas a tirei da chuva.Mas a senhorita ajudaria muito as outras jovens se puder nos contar onde esteve e na compania de quem."

                          "-Eu gostaria muito de ajudar senhor,mas eu não consigo recordar,passei metade da noite de ontem tentando,mas se não tivessem me dito eu nem saberia que estive raptada."


                         Nessa hora fomos interrompidos:


                            "Senhor Baskerville,pode me acompanhar,por favor?"disse ríspidamente o senhor Thompson.

                            "-Sim,claro."

                      
                        Fomos até o quintal da casa.Senhor Thompson olhou-me nos olhos e disse:


                             "Meu jovem,não sei como encontrou minha filha,mas sou infinitamente grato por isso.Ela não se lembra do que aconteceu e eu receio que seja melhor para ela dessa forma.Eu lhe peço encarecidamente que não a obrigue
a tentar lembrar,pois o trauma poderia ser muito grande para nossa familia."

                              "-Mas senhor,o que esta me pedindo é completamente egoísta e injusto com as outras vítimas.Se Joana se lembrar ela pode nos ajudar a salvar as outras moças e prender o culpado!"

                               "-Eu entendo e lamento por isso,mas o senhor é detetive não é?Faça seu trabalho.Não machuque minha filha."


                         Com essas palavras ele me deu as costas.O reverendo saiu da casa com um bilhete no bolso e me entregou,disse que era de Joana.Abri e li em voz alta,ela queria me ver a tarde,contei a Curtis que ela havia me beijado na noite
anterior,ele sorriu e me comparou com meu pai novamente.Repeti as palavras de senhor Thompson para Curtis,ele se surpreendeu,mas aceitou melhor que eu.Mais uma vez acusou Eloise,falou que se uma bruxa sequestrasse uma filha sua
ele pediria a Deus que ela esquecesse este traumático fardo.Este caso tinha sofrido um grande reviravolta com a repentina volta de Joana.Tinha minhas teorias sobre o caso,só não conseguia ainda ligar os pontos que levariam a motivação do
sequestro das jovens.Mas tinha certeza,era alguém da cidade,e esse alguém tinha planos obscuros,maiores do que extorção das famílias por um possivel resgate.
                         Aí então,fomos surpreendidos novamente.Encontramos Perkins pela rua,ele iria nos procurar na capela.Trazia uma notícia inemaginável.As meninas,Kate Austen e Elizabeth Carter haviam sido encontradas!Pela manhã cada uma
estava desacordada na porta de suas respectivas casas.O prefeito soube do fato e mandou que Perkins viesse nos convocar.
                         Juntos no gabinete do prefeito,sentamos e conversamos,o prefeito deu sua teoria:


                          "-Caros amigos,é evidente que tal sequestrador ao saber que tinhamos um detetive de Londres no caso se amedrontou e tratou de liberar as moças.Ontem provavelmente ele deve te-lás entorpecido e as deixado na porta de suas casas,
como o quintal da casa dos Thompson é descoberto,Joana levou chuva e acordou,então saiu desorientada pela rua sem saber que ja estava na porta de sua casa."

                           "-As duas também estão desmemoriadas,senhor Widmore?"perguntei eu.

                           "-Sim,isso é muito estranho."

                            "Aham,é sim.Me parece coisa de bruxaria,se é que me entendem."disse o reverendo.

                            "-Porém senhores,meu trabalho aqui ainda não está completo e estou achando cada vez mais interessante tal caso.Ficou claro para nós que o sequestrador conhecia bem as moças por te-lás deixando em casa.Isso limita nossos suspeitos.
Preciso observar e juntar ainda alguns pontos para concluir minha teoria e prová-la.Peço senhores que divulguem a notícia de que eu tive que ir a Londres.Para melhor observar e providenciar minhas ações.Ouviu Perkins?!"

                            "-Muito astuto senhor Baskerville,lhe garanto que o tagarela Pekins não abrirá seu bico."me assegurou o prefeito.


                       A tarde caia e eu havia de me encotrar com Joana,acho que ela gosta de mim.Não quero ferir o coração dela,mas ela é fundamental para meu trabalho,apenas isso.
                       Fiquei a esperar na janela de meu quarto,enquanto pensava sobre o caso.Volta e meia o beijo de Joana vinha em minha mente e meu coração acelerava,mas eu voltava e me concentrar e teorizar.Nesse período pude observar que meus
conhecimentos obtidos nas leituras de contos policias foram muito úteis.
                        Pontualmente ali estava ela,com Sol já baixando e encoberto pelas nuvens.Joana vinha encapuzada pois era um encontro secreto,somente o reverendo sabia além de nós dois.A notícia de que eu estaria em Londres fora já divulgada pela acessoria
do prefeito.Assim o reverendo a recebeu na ingreja e nos encaminhamos para o fundo do terreno,onde sentamos para conversar ambos encapuzados.Antes de mais nada ela fez novamente,me beijou,que estranha essa moça que me beija simplesmente sem nada dizer.
E eu,na verdade não podia reclamar,ela era linda.Constrangido o reverendo tomou a voz:

                            "-A-Aham.Bom,acho que temos coisas importantes a tratar caros jovens ou eu estou equivocado aqui e devo me retirar?"

                            "-De maneira nenhuma reverendo Curtis.Perdoe-nos.Joana gostaria de nos dizer algo?"

                            "-Sim Michael.Eu venho lhes dizer que de fato não consigo me lembrar de nada.Isso me deixa angustiada.Eu queria poder ajudar."

                            "-Não se preocupe com isso senhorita Thompson,tenho certeza de que nos ajudará e muito,mas precisaremos da ajuda de mais uma pessoa também."

                            "-Quem?"perguntou-me Curtis.

                            "-Eloise."respondi com segurança.

                            "-Sacrilégio!O que está dizendo Michael Baskerville?"

                            "-Joana,rogo-lhe que confie em mim e senhor reverendo,se nada temer pode nos acompanhar até a casa de Eloise."

                            "-Eu confio em você."disse-me a doce moça.

                            "-Eu apenas temo a não ser digno aos olhos de Deus,nada além disso me aflige."disse o trêmulo reverendo.

                            "-Pois bem,não percamos tempo."


                         A casa de Eloise tinha um aspécto sombrio,notei que Curtis estava cheio de receio,mas estava conosco enquanto batíamos a porta.A velha de aspécto fantasmagórico nos atendeu
com a simpatia que eu tinha visto antes:

                            "-Olá jovem detetive,que surpresa,soube que você tinha voltado para sua cidade."

                             "-De fato ainda estou aqui,espero que a senhora guarde meu segredo.Trouxe comigo dois convidados,podemos entrar e conversar?"

                             "-Oh,vejo que o senhor trouxe esta bela jovem,como eu disse uma paixão caiu sobre o senhor não é? hehehe...E o senhor reverendo,como está?"

                             "-Muito bem Eloise,obrigado,podemos entrar?Não sei por qual motivo mas o jovem Michael gostaria de conversar com a senhora,espero que esteja com a conciência limpa."

                              "-Hehehe,sim estou.Vamos então,entrem."
                            

                          Eu disse a velha que a menina que estava ali conosco era ninguém menos que Joana Thompson,ela se mostrou surpresa.Realmente eu não conseguia ver culpa naquela senhora,mas que ela
era ocultista disso eu não duvidava.Antes de mais nada ela me perguntou sobre seu livro,se eu tinha alguma pista e eu respondi:

                              "-Minha cara senhora,posso estar errado,mas creio que o responsável pelo sumiço do seu livro e responsável pelo sequestro das jovens são a mesma pessoa."

                              "-Você já sabe quem é Michael?E que história é essa de livro?"disse o alienado reverendo.

                              "-Bom,o senhor sabe que Eloise me trouxe aqui anteriormente para conversar.Ela me fez uma queixa de um livro roubado,um livro muito interessante por sinal.Os fatos me dizem que o livro
foi roubado pela pessoa que raptou as moças e que a caverna no bosque foi usada sim como cativeiro.Eu estive lá pela manhã.Eu vi que aquele lugar parecia ter sido limpo,estava limpo demais para uma velha
caverna.Encontrei também este ramo de planta que tenho aqui em meu bolso.De imediato soube onde ja tinha visto esse ramo,esta planta se encontra aqui na casa de Eloise.Antes que o reverendo possa acusar
a senhora Eloise,digo que a planta estava amassada de maneira que poderia claramente estar dentro de um livro,ou seja,deduzo que o livro esta em posse de quem esteve na caverna,possivelmente com as meninas
encarceiradas."

                               "-Estou impressionado,é uma excelente dedução senhor Michael.Mas o senhor ainda não disse se sabe quem é o culpado,se não foi Eloise entao quem foi?E que livro é esse dessa bruxa!?"

                               "-Mais respeito homem de Deus."disse a velha por entre seus dentes idosos.

                               "-O livro dela é de hipnose e estou convencido de que usaram isso para limpar as memórias da mente das moças.Agora espero eu que a senhora Eloise tenha conhecimentos bons o bastante nessa técnica
para nos ajudar a recobrar a memória de Joana,pois tenho certeza de que a memória não pode ser simplesmente apagada de uma mente,apenas ocultada.O que me dizem?"
                              
                               "-Bem,podemos tentar uma regressão."assegurou a velha.

                               "-Sinto muito,mas eu não presenciarei um rito evidente de ocultismo.Que Deus estaja com vocês,até com você Eloise se isso for possível.Espero que saiba o que está fazendo Michael."

                               "-Não se preocupe reverendo.Além disso acredito que hipnose nada mais seja que uma indução por métodos psicológicos.Não há ocultismo nisso.E sim,sei o que estou fazendo.Vou apenas aqui provar minha teoria."

                               "-Boa sorte,estarei lá fora."


                            Começamos então.Fiquei em pé observando enquanto Joana se deitou no sofá e apertou minha mão.A velha a mandou relaxar e fechar olhos,começou a falar em seu ouvido.Em poucos segundos ela estava quase dormindo.Então a velha me pediu para falar levemente
e perguntar o que eu queria saber:

                               "-A uma semana atrás você estava saindo da igreja,parecia preocupada com algo.O que aconteceu a seguir?E o que a deixava inquieta?"

                          A mão dela começou a suar e apertar a minha:

                                "-Oh Meu Deus...Não,por que está me pedindo pra fazer isso?Não irei te ajudar a fazer isso...Não...pare...Por que estamos indo para o bosque?!"

                          Ela começou a chorar e ficar ofegante,pedi que Eloise teminasse a seção.Ela abriu os olhos me olhou e disse:

                                "-Elizabeth."

                           Assutado,perguntei a Eloise o que aconteceu.Ela disse que era normal esse tipo de reação.Deveríamos deixa-lá descansar.Parecia que ela tinha recobrado a memória,talvez parcialmente mas o bastante para sobrecarrega-lá.
                           Algumas coisas ficaram claras pra mim.A caverna do bosque de fato foi o cativeiro.Mas isso era o de manos.Já sabia quem era o culpado,não tinha dúvida.
                           Saí correndo para fora e chamei o reverendo para irmos a casa dos Carter.
                           Chegando lá encontramos o pai da moça e Jones o irmão,felizes trabalhando no quintal.Perguntei ao senhor Carter onde estava Elizabeth.Ele me deixou alarmado quando disse que a moça tinha insistido e ido trabalhar com sua mãe, na
prefeitura.Tratei também de questioná-los sobre o comportamento de Elizabeth,me disseram que ela estava sim diferente,calada.Mal respondia o que lhe era perguntado,como se tivesse decorado suas falas.A hora do almoço se aproximava e era nessa hora
que Elizabeth ajudava sua mãe,na comida.
                            Pedi para o reverendo correr a prefeitura,temi pela saúde vascular do velho mas não havia opção.Recomendei que ele ficasse junto ao prefeito e muito atento.Me dirigi a direção oposta,a casa da família Austen.
                            O reverendo se encotrava na sala do prefeito,com a mesa pronta para o almoço.Estavam à mesa o prefeito,seu assistente e o reverendo.Elizabeth e sua mãe tinham preparado um verdadeiro banquete.Trouxeram e serviram a mesa.
                            Widmore era um homem robusto,deveria ter um apetite imenso.Mas para sua tristeza ou felicidade,cheguei e interrompi-os:

                                 "-Não comam!"

                                 "-O que significa isso,senhor Baskerville?"indagou-me o prefeito.

                                 "-Acredito que esta comida esteja envenenada.Estamos diante de um atentado contra sua vida,prefeito,disso,não tenha dúvida."

                                 "-O que está dizendo meu jovem?Tem como provar isso?"

                                 "-Lógicamente,dê-me um aqui seu prato."


                             Peguei o prato e dirigimo-nos para fora,lá havia um vira-latas velho e cansado.Dei-lhe o prato de comida.Em poucos segundos o pobre cão expirou:


                                   "-Como podem ver senhores eu estou verto.O pobre cão faleceu."

                                   "-Está dizendo que a senhora Carter e sua filha atentaram contra mim?Apenas elas têm acesso a minha comida!"

                                   "-Porém prefeito,outras pessoas também sabiam desse fato e se utilizaram de Elizabeth para atingi-lo."

                                   "-Meu Deus,não entendo.Quem então teria motivo para matar o prefeito?"perguntou o reverendo.

                                   "-Vejam,enquanto vinha para cá pedi que os policias da cidade fossem captura do culpado ou melhor  da culpada."
                                    
                              Os policias Miles e Locke traziam por entre os braços a culpada por toda esta confusão,Kate Austen.


                                    "-Não posso crer,Kate Austen tentou matar o prefeito?"Perkins naturalmente estava confuso.

                                    "-Não só isso Perkins,ela também sequestrou as moças Elizabeth Carter e Joana Thompson e ainda furtou um livro da senhora Eloise."

                                    "-Senhor Michael Baskerville pode nos explicar por obséquio o que esta acontecendo aqui?"

                                    "-Farei isso com muito prazer meu caro.Para isso teremos que voltar ao passado.A um passado talvez esquecido por alguns,mas com certeza esta na memória do senhor,prefeito.
Sabemos que,a cerca de 10 anos atrás havia um sujeito problemático nessa cidade e sabemos também que tal sujeito era pai de Kate e que este sujeito foi morto  pelo delegado da época,senhor
Widmore.Na ocasião sabemos que o violento senhor Austen estava munido de uma arma em plena praça e era um perigo para todos.O que poucos sabem e fui saber analisando meticulosamente o caso em minha
mente,com base no que me foi relatado,Kate era amada pelo seu pai e o amor dela por ele era equivalente.Diferente do que todos achavam,não era um alívio para ela perder um pai como aquele,era frustrante.Ela conhecia
um homem amável diferente da imagem violenta que ele pregava para as demais pessoas.Estou certo Kate?"

                                     "-E-está."respondeu-me a jovem com lágrimas nos olhos.

                                     "-Minha Nossa,não imaginei que eu tivesse tirado a vida de um pai bondoso,oh Kate me perdoe."Widmore demosntrava arrependimento.

                                     "-Seu canalha!Eu devia matá-lo agora mesmo!Você partiu o coração da minha mãe e assassinou meu pai!Seja homem para adimitir seus crimes!"Kate esbravejava contra o prefeito.

                                     "-Sim eu adimito.Eu e sua mãe tinhamos um caso,mas erámos jovens ela não amava seu pai.Quando atirei em seu pai foi apenas para me proteger,se não o fizesse ele me mataria e provavelmente quem estive na praça naquele momento."

                                     "-Pois era melhor que as balas de meu pai tivessem atingido seu coração,seu calhorda!"

                              O reverendo constrangido com a situação com a qual estavamos lidando,me questionou novamente,para desviar o foco do escândalo familiar findado em tragédia.

                                      "-Porém Michael,ainda não está claro para mim por que Kate sequestrou as moças,pode nos explicar?"

                                      "-Sim.A vingança,passou a ser o único foco na vida de Kate desde a morte de seu pai.Ela teve anos e anos de paciência esperando um dia uma forma de investir contra o prefeito.Mas ela sabia que não poderia fazer isso sozinha.Então se utilizou a
principio de sua proximidade com Joana para tentar convece-lá a lhe ajudar em seus planos contra Widmore.Isso explica o fato de a mãe da Joana ter notado sua filha aflita nos dias antes de seu desaparecimento.
                                         Kate possivelmente andou espionando a casa de Eloise e viu como a velha usava seu livro de hipnose provavelmente em seu cachorro,que pude ver era um completo vegetal.Assim ela furtou o livro de Eloise e facilmente indusiu Joana a segui-lá até a caverna,onde tentou persuadi-lá por meio de hipnose.Com certeza Kate não
queria levantar suspeitas contra si.Utilizando as técnicas manipuladoras que recém apredera,obeteve a informação de Joana que a jovem Elizabeth trabalhava na prefeitura,pronto ela ja tinha uma fantoche perfeito para manipular.Como sabemos Elizabeth foi raptada na sexta-feira.
A cruel Kate manteve as moças em estado de transe na caverna e vinha sempre a cidade buscar mantimentos pra elas.Quando se deu conta de que todos tratavam do desaparecimento das moças como um sequestro,tratou de se exilar também na caverna,fazendo se passar por uma  inocente vítima também.
A planta que encontrei na caverna que estava no livro de hipnose da velha,era uma planta venenosa potentíssima,estudei botânica em Londres,foi fácil saber isso.
Logo deduzi que ela utilizaria tal artifício através de Elizabeth Carter para envenenar o prefeito.Convenhamos senhores,essa menina é um verdadeiro gênio do mal."

                                      "-Estou impressionado senhor Baskerville,o senhor tem um poder de dedução adimirável.Também estou muito grato por ter salvo minha vida.No fim das contas eu também era uma das vítimas.O senhor é muito bom mesmo.O que sugere agora que eu faça com essa jovem?Tenho pena dela,eu sou o causador de toda a desgraça
da vida dela."o prefeito era um misto de culpa e tristeza.

                                      "-Não sou ninguém que possa questionar a moralidade dos seu atos prefeito,mas o senhor como homem que é sabe melhor do que ninguém o que fazer.Mas aconselho a dar a esta jovem um tratamento psicológico digno e uma reeducação e o mesmo também para a mãe dela."

                                      "-Tens razão jovem,és realmente muito sábio para sua idade.Quem dera eu ter sido assim como o senhor no passado.Perkins!Providêncie para senhora Austen um tramento psicologico de primeira em Londres e mande Kate para o internato mais competente do país!"

                                      "-Agora mesmo senhor Widmore!"


                               Kate olhou para mim fixamente enquanto era levada pelos policiais.Creio que as coisas se acertaram de forma muito boa para ela.Agora ela teria a chance de se reintegrar a sociedade bem cedo ainda enquanto é jovem.Que escândalo para essa cidade.
                               Na manhã seguinte toda a cidade já sabia da historia.Eles diziam como o jovem detetive Michael Baskerville havia solucionado o mistério de Bampton.
                               O trem para Londres partiria as 11 da manhã.Eu ja estava na estação com o reverendo desde as 10:15,típica pontualidade londrina.Ficava encabulado quando alguém passava e me comprimentava pelos meus feitos,não me auto julgava detetive,mas parece que levava jeito pra coisa.
                               O reverendo sacou do bolso um cheque com uma generosa quantia em dinheiro,ofertada a mim pelo prefeito,não fui hipócrita aceitei com prazer.Tive uma boa aventura e ainda ganhei por isso.Tudo perfeito.
                               Curtis me disse ainda:


                                     "-De certa forma a bruxa estava envolvida no caso,afinal o livro usado por Kate para hipnotisar as jovens pertecia a ela."

                                     "Hahahaha...Mas veja meu caro reverendo,ela nos ajudou recobrando a memória das duas jovens.Tanto de Joana quanto a Elizabeth,se não fosse por ela as moças poderiam estar ainda vegetando e sem memória."

                                     "-Não sei não,controle de mente...sorte dela que ja não existe mais a Santa Inquisição.Provavelmente ela iria para a forca ou a fornalha."

                                     "-Que maldade reverendo,hahahaha."

                                     "-Está quase na hora ja estão chamando para entrar no trem,mas veja olha quem vem lá,Michael."

                                Joana Thompson vinha até nós,linda como sempre.O reverendo se despediu de mim e nos deixou a sós,me provocou dizendo que ganhei uma noiva em Bampton.
                                Ela me abraçou forte como da primeira vez que nos vimos.O maquinista ja dava seu último chamado aos passageiros.

                                       "-Preciso ir Joana,foi ótimo te conhecer."

                                       "-Tome Michael leve meu lenço,assim você terá motivos para voltar a Bampton um dia."

                                       "-Vou guardar com carinho este lenço e sem dúvida voltarei a Bampton."


                               Demos nosso último beijo.Estava apaixonado por aquela jovem.Corri para não perder o trem.
                               Meu trabalho em Bampton estava concluído,foi uma experiência e tanto.Acho que descobri uma vocação.Desvendei tal caso com uma aptidão que impressionara a mim mesmo.
                               Estava partindo,porém contava as horas para retornar a Bampton e ver Joana novamente.