Santiago percorre o deserto.Sua garganta é seca,suas pernas pesam,mas seu objetivo é nobre.
O Sol é forte,a areia e o vento se misturam e chicoteam Santiago.Mas ele não para.Caminha firme com a imagem de seu objetivo na cabeça.
As miragens não o confundem,o desejo de encontrar uma sombra de palmeira ou um leito de rio não o destraem.Pois ele vai de encontro
a seu sonho.Ele conhece o deserto,é filho do deserto.A persistência de Santiago acaba por enfastiar o próprio Sol.Lá de cima,cansado em seu
próprio explendor,o astro indaga:
"-Por que corres incesante nesse chão quente?Julgas que estou frio ou manso hoje?"
Santiago lhe responde:
"-Corro porque não posso voar pelo céu."
o astro flamejante se inflama ainda mais:
"-Pois bem,esquentarei tanto o solo que não poderais nem sequer correr."
O Sol castiga as areias e também a Santiago,torna-se mais quente.Até sua cor e seu semblante se tornam rubros.Porém a vontade
de Santiago não é menor agora do que outrora.Ele continua sua marcha,em um rítimo constante.Horas se estendem e o Sol passa de seu período mais
intenso.Já se passam 5 horas após o meio dia e o Sol se torna baixo.Mais uma vez,pasmado com a perseverança humana o Sol pergunta:
"-Meu calor não o encomoda.As rajadas do vento também não.Que combústivel tamanho sustenta seu corpo,pequenino?"
"-A fé."
"-Fé?O que é fé?É algo que não compreendo.Algo exclusivo a sua inferioridade."
"-Acreditar."
"-Acreditar no quê?O que buscas?"
"-Tive um sonho.Onde meu povo era livre do horror e da guerra.Mas precisava cruzar o deserto a pé.Nossos melhores guerreiros saíram
em batalha.Nossos inimigos vizinhos aproveitaram essa brecha para oprimir meu povo.Eu devo levar a menssagem até o outro lado do deserto.Onde está nosso
exército.Foi o que vi em meu sonho."
"-Não podes ir a cavalo ou camelo?Tem de ser a pé?Sabe ao menos onde encontrar seu exército conterrâneo?"
"-No meu sonho eu estava a pé.E não sei onde eles estão,mas irei encontrá-los."
o prepotente Sol soltou uma gargalhada irônica e completou:
"-Homenzinho,sua inocência é cômica.Corres sem saber para onde.Motivado por um sonho.Não o irei atrapalhar.Do contrário,
enquanto eu me ausentar para dar lugar a Lua direi a ela que peça as estrelas para guiarem seu exército até você.Mas não pares de correr.É uma ordem!"
"-Obrigado.Em troca a esse favor,irei lhe mostrar a fé."
Assim Santiago continuou pela noite.A Lua silenciosa e prateada clareava o frio do deserto.Os obstáculos de Santiago eram outros agora.Frio
e silêncio.A Lua nada falava.Porém,como prometido pelo Sol,as estrelas guiaram os soldados ao comando da Lua,até Santiago.Mas Santiago não fez o que o Sol lhe mandou.
Ele parou de correr.Quando o Sol nasceu pela manhã,veio alegre dar a notícia a Santiago mas o encontrou caído e imóvel.Então ele disse:
"-Você!Levante-se,por que dormes quando lhe ordenei o contrário?Seu exército lá vem no horizonte!E você dorme?Onde está a fé que me prometeu
ensinar?"
Santiago desperta:
"-Você cumpriu sua parte e eu a minha.Lhe ensinei a acreditar.A ter fé e lhe provei.Lhe mostrei que apenas correndo pelo deserto baseado em meu sonho
cheguei a meu objetivo.Veja.Você mesmo veio me mostrar.Lá vem meu exército pelo horizonte.Não lhe prometi que não cessaria de correr,mas lhe afirmei que lhe ensinaria a fé.
Aí está ela."
O Sol adimirado com a sabedoria do homem,ainda aprenderia mais com ele:
"-Mesmo eu sendo um astro e você um homem,me ensinastes de fato a fé.Agora diga-me.Quem és tu?"
"-Sou Santiago.E sou o rei de meu povo.Não só você aprendeu comigo.Também eu com você.Você na sua celeste posição se rebaixou a falar comigo e
me ajudar.Eu como rei,aprendi com a nobreza de seu ato.Obrigado."
"-Eu que lhe agredeço."
Encerra,o então magnânimo Sol.
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