domingo, 17 de abril de 2011

Guerra dos Clãs.

    "A eternidade é uma maldição.Minha existência na Terra é uma maldição.Nasci das sombras da morte.Sem pai,sem mãe.Fadado a viver
nas sombras de minha origem,por quanto restar o tempo.
     A data da minha vinda ao mundo pelos braços da vida é 18 de Setembro de 1890,com meu óbito no dia 25 de Março de 1912.E a data do
meu retorno ao mundo pelo manto obscuro da morte é 26 de Março de 1912...
      No começo era só fome.O sabor da carne entre os dentes e o sangue quente descendo pela minha garganta gelada,era excitante!Apenas
dormia e me alimentava.Não tinha cardápio,era sangue novo,sangue grosso,sangue calórico.Felizmente a sofisticação de outrora eu recuperei
com o passar dos anos;dos séculos para explicitar com exatidão.Vivi como um animal solitário até que me foi estendida a mão da generosidade.
Os Lasombra.Minha família.Meus irmãos.Deixaram-me viver e me observaram,para ver se eu era forte o bastante,e eu fui.Cambiei a condição de
fera pela sofisticação.Fiz isso sozinho,apenas me aprimorei com minha família.Como dizem os anciãos:Somos simultâneamente graciosos e predadores.
        Infelizmente,para eles próprios,os humanos não evoluíram na cadeia alimentar como nós.Apesar de intelectualmente eles terem virtudes valorosas.
Tanto que optamos por adaptar alguns de seus hábitos aos nossos,talvez como modo de manter ainda em nós o tempo em que fomos da mesma espécie.
        Ainda agora no século XXI,convivemos com essa pobre classe,da qual preservo particular fascino..."

        "-Acaso não tem o que fazer,Aleksander?O que está escrevendo aí?" perguntou-me minha irmã,Léia.

        "-Apenas um passatempo de um homem atiquado.Nada mais."

         "-Antiquado.É uma palavra muito usual pra quem possui a eternidade.Não acha,meu amor?"

         "-Sim.Basta nos lembrar de coisas de apenas meio século atrás e já estamos sendo antiquados.E ao mesmo tempo o comtemporânio,está sempre em nosso
encalço,obrigando-nos a uma forçada adaptação a cada característica nova da sociedade.Permita-me lhe perguntar,Léia.Do que você sente falta?De ver um nascer de Sol?"

         "-Aleksander,andas com crise existêncial?Você ainda é um jovem de apenas 99 anos!"ela retorquiu.

         "-Responda minha pergunta por favor."Insisti.

         "Está bem.De nada sinto falta,dessa época em que fui humana,isso já não vive em minha mente.Só que me perguntaste e agora lembrei.Sonhei,em uma tarde dessas,com
aquela brisa gelada,sabes do que falo?Daquele ventinho geladinho que só se sente pelas manhãs.Lembro-me de acordar cedo para ir a praia e sentir esse vento gelado passar
pelo meu corpo.Se guardo saudades de uma sensação que não tenho mais,pode ser essa."

           "-Isso.Sei bem.Lembro dessa brisa,quando eu me dirigia para a classe de filosofia!"

       Filosofar torna-se um hábito recorrente entre os vampiros antigos.Minha mulher tem razão,sou muito jovem ainda.
       Tornei-me professor de sociologia em uma universidade.É melhor estudar o comportamento cultural,étnico e religioso,do ser humano.Muito mais simples.Dos vampiros há
controversas.Me inseri na sociedade humana da forma que melhor optei.Ministrando aulas noturnas.
       Os humanos são figuras que aprecio muito.Não apenas como cardápio.São seres fantásticos.Eles são criação feita a imagem de seu Criador.Diferente de nós.
       Igualmente a origem dos homens,a nossa também tem opiniões divididas.E como na época em que fui humano eu era criacionista,continuo quase no mesmo seguimento.Caine.
Ou Cain,o primeiro de nós.Nada de Drácula,nada de Judas Iscariotes.Cain,o irmão de Abel.Foi o primeiro de nós.A história sobre Judas foi muito bem amarrada na literatura.Ele se enforca,
depois da traição e ao invéns de sucumbir,é punido de forma pior com a eternidade.Trazendo consigo a aversão por objetos cristãos e a prata,por causa das moedas de prata com as quais
foi pago.Porém,a origem na qual eu sigo,é a de Caine.Ele descumpriu uma das leis,que é "não matarás",o fez contra seu próprio irmão.Então,Cain foi expulso com uma marca na cabeça que
o livrava de ser morto,pois Deus o amava.Ele teve três chances de redenção,mas afirmou "Sou o que sou e fiz o que fiz,nada me mudará."Portanto recebeu três castigos.1-Não andar pelo caminho
da luz.2-Terá de viver para ser caçado.3-E por ter matado seu irmão,para aprender que o laço sanguineo é muito importante e deve ser respeitado e livre de qualquer fornicação,só poderia se alimentar
de sangue.Lendas ou fatos?Pode ser que sim,pode ser que não.Mas essa discussão é de fato semelhante aos questionamentos feitos pelos homens quanto as suas crenças e doutrinas.Algo que temos
em comum ao humano é a dúvida,a falta do entendimento pleno da vida.Ambos temos atribulações e instabilidade psicológica,só óbviamente não demonstramos isso diante de nossa presa.Quando saimos
para jantar,é muito simples.É como um tigre e um cervo.Predador e presa.Sem misericórdia.
        As crises existenciais são piores pra quem vive eternamente ou até que seja morto por alguém capaz de tal.
        Apenas se esconder,matar e guardar nosso rastro,torna-se entediante quando se é eterno.Talvez por isso a sociedade dos vampiros é extremamente caótica e conflitante.Nos dividimos em grandes classes
e familías,também clãs,monarquias e facções.É um passatempo politico-social que perdura a anos.Talvez seja por isso também que não nos entediamos e nos revelamos aos humanos,tentando conviver em um acordo;
já temos muitos problemas com diplomacia entre nós mesmos,quiçá,com humanos.Penso também que os humanos investiriam contra nossa raça.O homem tem o instinto de atacar o que ele não conhece ou tem apenas
preguiça de tentar entender e resolver num comum acordo.Poderíamos conviver,penso que encontraríamos um jeito de sobreviver sem depender do sacrifício da vida humana para nos manter.Só que é mais fácil assim e
nem todos da minha raça pensam como eu.Para outros,humanos são um punhado de carne,banhado num doce sangue.
         Um exemplo desse pensamento,vem de uma família da qual pertence um individuo que vive em conflito direto comigo a anos.Giovani Ventrue.Me deparei com o maldito na Itália.Nossas famílias vivem em guerra a séculos,
provavelmente desde quando surgiram os pratriarcas de nossa primeira geração.Já perdi as contas de quantos cortes de espada e balas já acertei nele.Infelizmente não acertei seu coração ou lhe arranquei a cabeça,ainda.
          Diferente de muitos outros eu me tornei vampiro por opção.Eu pedi para ser mordido.E Giovanni Ventrue está diretamente ligado a esse fato...
          Na primavera de 1911 conheci Verônica.Eu era um garoto órfão de 21 anos que ganhava a vida vendendo,relógios e pequenos objetos furtados.Ela,era filha de um duque.Tinhamos pouco em comum.Eu tinha acabado
de passar por sua mãe,a duquesa,e furtei-lhe a jóia que ela tinha em sua bolsa.Simulei um esbarrão e furtivamente levei o objeto.Sempre tive mãos leves,fui criado nas ruas.Não acho certo o que eu fazia mas fazia para não morrer de fome e frio.
E hoje penso que se não o fizesse,não teria conhecido Verônica e a cadeia de fatos que me ocorreram até aqui não teria se desenrolado.Já estava de partida quando ouvi a duquesa falar:

          "-Verônica minha filha,perdi seu pingente."

Então ergui a cabeça e vi a mais bela moça que jamais vi e jamais voltaria a ver igual.Ela tinha cabelos ruivos e olhos tão verdes quanto pedras de jade.Os sentimentos são estranhos.Tão particulares e únicos!Eu poderia viver por inúmeros
séculos que ainda assim não os compreenderia.Amei outras mulheres antes e depois de Verônica,não sei se mais ou menos,posso dizer apenas que de forma diferente.Repetitivamente insisto que sentimentos são tão únicos quanto as
impressões digitais de uma pessoa.São variáveis e com características próprias.Imprevisíveis.Como dizia,não pude levar a jóia comigo ao ver que pertencia aquela nobre moça.Fui até ela devolver e disse que havia achado no chão.Sua mãe me acusou
dizendo que deveria tê-la roubado,pois se lembrou de ter esbarrado em mim.Mas Verônica me denfendeu dizendo que se eu fosse,ladrão eu não iria devolver algo tão valioso.Isso bastou para eu acreditar que podia conquistá-la,e o fiz.Ela morava a um
quarteirão dali e voltamos a nos ver várias vezes, até que nos enamoramos secretamente.Isso durou um ano.Pois nesse ponto entra Giovanni na história.Ele nasceu vampiro.Numa noite fria de inverno estávamos eu e ela caminhando as escondidas pela praça,
quando nos deparamos com ele.Foi arrepiante.A sua simples presença era amedrontadora,mesmo ele tendo um aspécto jovial e sereno,para uma criatura das trevas.Ele nos observava sempre,por meses,até que um dia resolveu agir.Gionvani estava apaixonado por Verônica.E como
todo apaixonado,ele agia de forma estúpida.O víamos sempre nas noites pela rua,ele não falava nada,apenas passava por nós com os olhos perdidos no mar dos olhos de Verônica.Era fácil adimirar a beleza dela,tanto quanto amá-la,mas garaças a mão divina,foi por mim que
ela se apaixonou.Giovanni a cortejava enquanto eu estava distante,ela me contava.Assim,quando o encontrei novamente fui tomar-lhe satisfações.Ele apenas lançou os olhos sobre mim e eu me senti impotente como um passáro sem asas.Ele se revelou vampiro e mordeu Verônica,que por
vezes negava as propostas dele.Giovanni sempre foi impulsivo,lembro-me das palavras dele:
          
            "-Este mísero ser,não merece a compania de uma formosura celeste como a sua.Apartir de hoje você será minha eterna escrava,Verônica!"

Isso durou bastante.Por dias eu chorei.E também os pais de Verônica.Pois ela sumira,fora levada com o vampiro.O que eu poderia dizer?A quem eu poderia recorrer?Quem me acreditaria?Pesquisei sobre vampiros e só encontrava fábulas e folclore.Mas se existiam vampiros,também haveria
de existir quem os odiasse e caçasse.Antes que eu encontrasse ajuda para salvar Verônica,ela mesma veio a mim.Seu semblante era como uma eterna viuvêz.Triste e pálida.Sem vida.Ela disse que só se libertaria do julgo do vampiro que a mordeu se este morresse.Mas ela não o podia fazer,
nem eu.Então ela me mordeu.Isso era ao por do Sol,lembro-me bem.Antes do manto negro da noite tomar o céu,ela havia se levantado,correndo risco de pegar ainda,algum raio de aurora.E apenas houve tempo para ela me morder,pois chegou em seguida seu algóz,o furioso Giovanni.Ela me pediu para correr e eu o fiz.Giovanni estava
invejoso e frustrado,pois mesmo a tornando escrava ela ainda me amava e não a ele.Então,ele a matou.E no anoitecer seguinte,eu me tornei vampiro por completo.Voltei a chorar por longos anos a morte de minha amada graciosa.Mas o tempo cicatriza as feridas,não as paga,apenas cicatriza.E quando as minhas secaram,fui buscar
vingaça e busco até hoje,vingar-me de Giovanni Ventrue.
       Para  matar um vampiro não se precisa de nada tão peculiar quanto descrito nos folclóres.Basta fazer nosso coração parar.Simples.Porém para os humanos é uma tarefa dificil,pois somos mais rápidos,mais fortes e mais resistentes.Feridas que seriam mortais em um ser humano,em nós,cura-se com alguns dias de boa alimentação
feita com sangue bem nutrido e descanso.Queimar vivo,arrancar nossa cabeça,um tiro de grosso calibre no lado esquerdo do peito,são formas bem usuais.Sonho com o dia em que olharei para o cadáver de Giovani caido a meus pés.Se eu tiver a chance,gostaria de decapitá-lo e queimá-lo em seguida.Vivo com essa idéia fixa a bastante
tempo.Equanto não estou pensando nisso,ou lamentando a perda de Verônica,estou concentrado em meu trabalho.Tenho pouco envolvimento com os demais assuntos de família e entre os grandes clãs de nossa raça.Ao menos até o presente momento.
        O tanto que pude,tentei me manter afastado de todos os conflitos entre as famílias e os clãs.Mas um conflito de interesses territorias me fez envolver,em nome dos meus familiares.Em suma,existem três grandes clãs,formados por mebros de famílias.São eles:O Sabbat,o Camarilla e o Independentes.Deste último clã citado,pertecem as
famílias,Setites,Assamites e Ravnos.Estes,são indiferentes,nunca tivemos problemas com eles.Minha família pertence ao Sabbat,sendo assim os regentes do clã,neste clã estão,nós os Lassombra e os Tzimisce.O problema vem,dos Camarilla,compostos pelas familias Brujah,Nosferatu e pelos odiados Ventrue.
         Na cituação atual estávamos em um acordo de cavalheiros,sem problemas.Mas os Ventrue,sanguinários como de costume,não estão satisfeitos com seu território,alegam que o espaço determinado a eles contém baixa taxa de presas.Dessa forma eles começaram a atacar e desapropriar alguns mebros do Tzimisce de suas terras.E quando
uma família de um clã ataca a de outra,isso nunca fica limitado apenas as duas famílias em questão,corre o risco de se tornar uma guerra de clãs,no caso,Sabbat contra Camarilla.Apesar de não ter uma visão estratégica para a batalha,como meus parentes,algo me diz que essa disputa vai muito além de conflito territorial,creio cá,que os Ventrue planejam um
grande gople,para desestruturar o Sabbat como um todo.
         Esta noite,reúnimo-nos com os Tzimisce para quem sabe,tentar diplomacia com os Ventrue.Raramente participo dessas reúniões de cúpula,mas por algum motivo,meu sangue frio irônicamente tem fervido,e meu desejo por vingança me lateja os pensamentos.Pedi uma cadeira no conselho.
         Há anos nós não entramos em conflito direto com os Ventrue,levamos tudo da forma mais diplomática possível.Só que agora estou disposto a transformar esse impasse envolvendo os Tzimisce e os Ventrue em minha grande chance de vingar-me,Giovani é um dos cabeças de sua família.Então,na reunião,peço a palavra e os patriárcas me a concedem:

              "Prezados,agradeço a chance de estar neste conselho.Aproveitarei ao máximo para expor minhas idéias.Os Ventrue instigam-nos atacando nossos amigos Tzimisce!Serei direto em minha explanação.Eles querem nos fazer pensar que estão apenas atacando a Tzimisce mas algo me diz que isso nada mais é do que uma distração.Equanto pensamos que o conflito
é de família contra família,eles juntam o Camarilla,investindo contra nós,os Lassombra!Querem enfraquecer o Sabbat,atacando com os Ventrue os Tzimisce,paralelo a isso os Nosferatu e os Brujah atacam os Lassaombra!Concordam comigo,meus irmãos?Esse pensamento não ocorre também a vocês?"

         O homem que considero como meu pai,meu padrinho Baltazar,me olha e diz:

               "-Filho meu,baseado em que,você toma essas conclusões?"

               "-Meu padrinho,não sei.De fato nada posso afirmar.Talvez a chama latente da guerra,me veio encendiar a morbidez da alma,na presente ocasião.Não consigo explicar."      

         Eu começava com essas palavras a lançar fagulhas em um barril cheio de pólvora,pronto para explodir.E o representante dos Tzimisce,Caleb,temeroso pelos seus,concordou comigo:

               "-Aleksander tem toda razão.Confesso nunca ter percebido nele tamanha visão de batalha.Este pensamento também me ocorreu,seria sim muito concebível.Sendo isso verdade,o que sugere,Aleksander?"

               "-Ora,devemos antecipar o ataque.Faremos o mesmo que eles pretendem fazer,só que de ante-mão.Nos uniremos contra os Ventrue!Exterminaríamo-os!Deixando assim somente duas famílias no Camarilla,os Nosferatu e os Brujah.Portanto,igualaríamos o número de famílias entre o Sabbat e o Camarilla.Consenguem ver o que temos em nossas mãos,cavalheiros?"

         Impressionei a todos com minhas palavras,a Baltazar principalmente.De fato,este momento era demasiado oportuno para eu realizar meus objetivos sangrentos.Minha pose de vampiro civilizado e inclinado a relações diplomáticas precisava cair.Porém,o mesmo não podia se dar a meu segredo,minha vingança é particular e ninguém mais sabe dela,somente eu.Preciso
matar Giovani,apenas isso.
         Após a reunião,pus-me a ler um livro.Enquanto lia,ocorreu-me uma idéia.Eu estava começando uma guerra inteira,envolvendo vários outros indivíduos,apenas para atingir minha vingança.Senti-me egoísta.Pensando bem,minha existência é egoísta.Sou um ser parasitivo,que vive do sangue de outra espécie.Sugo cada sopro da vida de um ser humano.Cá estou com crise
existencial novamente.Adiante.
          Alguns dias passaram e tudo transcorreu como eu imaginava.Os Ventrue continuavam a avançar pelas áreas predominantes dos Tzimisce.O fato era que os Ventrue só queriam realmente expandir sua área predatória,as coisas que eu havia falado sobre ser um precedente de um conflito entre os clãs,era balela.E eu estava disposto a me utilizar dassa falácia para matar
Giovani.
           Com isso,todos os patriárcas se reuniram e juntaram seus generais.Meu plano foi aceito por eles,estavam dispostos armarem-se e atacar os Ventrue.Balas de prata e chumbo reforçado,espadas e punhais.Os preparativos estavam aprumados.O plano é simples.Os Ventrue,como todas as demais famílias têm um refúgio.Uma fortaleza.Porque na sociedade humana os
vampiros possuem cargos altos e de relevância,sendo assim temos poder aquisitivo para nos dar a muitos luxos.Nossas famílias são ricas,com a excessão dos Nosferatu.Estes são imundos,são monstros horrendos,paracem-se com gárgulas de antigas catedrais.Eles nada têm de civilizados,vivem como antigos bábaros em cavernas e quaisquer possilga afastada de luz solar.
Diferente dos Ventrue,por exemplo.A família deles se concentra numa egocêntrica mansão,cituada em uma região campestre.É uma propriedade enorme.Vivem lá cerca de 20 mebros.Sendo aproximadamente 10 mulheres e crianças.Sabendo disso,escolhemos o melhor dia para um ataque,não queríamos deixar nenhum sobrevivente.O plano era bem claro e obejetivo.Entramos,matamos
a todos e saímos.Isso era o que nossos combatentes tinham em mente,a mim só convinha uma morte,a de Giovani.
            O dia do golpe chegou,os Tzimisce estavam já muito preocupados com o avanço sem freio dos Ventrue em suas terras,assim,eles estavam com motivação extra para o ataque.Unimos os melhores homens do Lassombra e partimos para a mansão dos inimigos.
            Seus sentinelas aos arredores da mansão foram estratégicamente abatidos por nossa infantaria.O extinção da família Ventrue era iminente,nosso ataque era covarde só que em uma guerra,covardia é uma palavra doce,comparada aos horrores que nossas mãos são capazes de fazer.Depois de passar pelos sentinelas,avançamos pelos portões.O lugar era afastado da civilização,
mas na calada da noite,o som de nossas armas poderia atrair a atenção de humanos,por isso usamos silenciadores.Com poucos passos a dentro,muitos dos nossos e dos deles já estavam caidos pelo chão.Balas de prata dirigiam-se aos corações de ambos.No meio daqueles rostos,com olhos brancos como neve e presas afiadas,saltando pelas bocas,eu procurava achar
o rosto de Giovani.Deparei-me com uma escadaria situada no corredor central da sala de estar.De impulso,subi e encontrei uma porta aberta,era o quarto de Giovani,tomei tal conclusão ao ver na parede quadros com o rosto de Verônica,a minha Verônica!Tinha alguém de cabelos grisálhos sentado á uma mesinha,rodeado por papéis e livros.Era meu padrinho e mentor,Baltazar.Diante dele
estava Giovani,o ímpeto de rasgar-lhe a garaganta foi travado pela rouca voz de meu padrinho:

             "-É verdade o que me diz esse homem,Aleksander?Você iniciou toda essa cadeia de mortes,com um obejtivo tão sórdido?"

        Essas palavras me pesaram.Não pude negar.E Baltazar continuou:

              "-Você envergonha o sangue dos Lassombra!Tenta vingar-se de um desafeto que tem por anos com Giovani Ventrue e sacrifica a vida de seus irmãos para isso?"        

         Tudo que eu achava certo me atingiu de um modo que eu não sabia mais do que eu tinha certeza.Giovani me olhava e ria.Então,as verdades todas vieram a tona.Meu padrinho agora sabia de meu segredo,minha vingança.E eu soube ali pela boca dele,que Giovani era amigo de meu padrinho.Eles criaram laços amistosos durante os anos de diplomacia entre as famílias.O homem que
me adotou,agora confiava mais em Giovani do que em mim.Apesar dos anos de convívio,Baltazar não sabia que o caráter de Giovani era mais sujo que a própria alma dele.Com um gesto rápido e impetuoso,o ordinário vampiro colocou o fraco e envelhecido Baltazar em sua frente,como um escudo.Pôs uma arma em seu peito e me desafiou dizendo:

              "-Atire no meu peito e acerte o de seu padrinho ou eu atiro e mato ele.Você vai ter que perder mais um ente querido para me matar,Aleksander.De qualquer forma seu padrinho morrerá ou pelas minhas mãos ou pelas suas.Assim como Verônica,morreu por sua causa.Ela morreu porque insistia em gostar de você!"

              "-Isso não é verdade!Ela morreu porque me amava e não a você seu verme maldito!Sua existência é tão vazia que a única coisa que consegue fazer é causar dor e destruição!"

              "-És muito gentil me elogiando de tal forma.Decida-se,quem matará o decrépto Baltazar?"

         Para surpresa minha e de Giovani,Baltazar soltou essas palavras:

               "-Filho meu,orgulho-me de ti.Sofreste e ainda mais sofrerá com a imortalidade que o atormentará para sempre.Porém livrarei de tuas mãos a mancha de meu sangue.Quero que livre-se da vingança,pois é um sentimento mortal para quem vive eternamente.Quero que sejas meu substituto,deixe que levarei para o inferno de nosso berço,este maldito malfeitor!'

         Assim,Baltazar atirou,puxou o gatilho da arma que estava em seu peito e a bala transpassou o coração dele e de Giovani.Ambos morreram.Meus irmãos e aliados dominaram toda a casa e findaram com toda a família Ventrue.Encendiamos a casa com todos os corpos nela,exceto o de Baltazar,que levei para uma colina e deixei lá até o amanhecer,o Sol tratou de cremar o cadaver
de meu padrinho.
          Antes de morrer Baltazar me purgou,ensinou-me a mais importante lição.A vingança é suja e nunca é boa.Ele livrou minha mente e meu espírito,que apesar de pagão e filho das trevas,agora encontra descanso pela eternidade,ao lado de minha família e a liderança política da sociedade vampírica.Quanto a Verônica,era a alma inocente que foi sacada pelos braços da escuridão,espero
que ela encontre paz.Espero que ela esteja em paz,isso,se for concedido o perdão aos filhos de Caim.

-Idéia Original de Tony Rodriguez.

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