quinta-feira, 7 de junho de 2012

Paraclitus

Diante do que enxergou passou a mão pelos olhos,
buscava limpá-los de toda aquela sujeira.
Não conseguiria, facilmente tal névoa não dissiparia.

Dessa terra não-santa manava petróleo e fel. No céu
nada de nuvem: só fumaça e queimada penugem.
Penugem da fauna assassinada; à sua esquerda,
viu correr uma criança baleada.

Tanto tempo na Caverna, de costas para a saída,
fê-lo esquecer que lá fora existia vida.
Ousou olhar para para trás (passado), quis conhecer-se.
Desvendou contudo - o homem sem passado denega seu futuro.

Dirigindo-se para luz, notou o quão simplório!
Era o único no Batel dos Danados a buscar o purgatório.
Todavia, não convenceu-se de que deveras era o único.
Um resquício de esperança pulou em seu coração:
"se a luz eu vi, um dia outros também a verão!"

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