segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Mistério de Bampton-parte 2

PARTE-II



                              Iriámos agora para a casa da viúva Austen,ja começava a ventar bastante.
                              No caminho os corvos pareciam nos seguir,o meu cavalo num galope forte me atirou no chão,olhei para o reverendo lhe perguntando
o que haveria de ter acontecido para o seu cavalo tão manso repentinamente me atirar no chão.Curtis estava pálido apertando o rosário contra seu peito,
a frente se avistava uma figura sombria de capa preta,era a velha Eloise.
                              A figura daquela mulher me fez correr um frio gelado na espinha,soube que era Eloise quando o reverendo exclamou:

                             "-Siga seu caminho para longe,serva da escuridão!"

                               Não sei,se ela pode ouvir as palavras de Curtis,mas ela lançou um olhar em nós que parecia penetrar em nossa alma.
                               A mulher acenou para mim e me chamou,Curtis balançou a cabeça negativamente para mim,mas tentando afirmar para mim mesmo que não
temia aquela idosa de aspecto tenebroso,fui de encontro a ela.
                               Ela me olhou dos pés a cabeça e me arrepiei quando ela afirmou:

                              "-Então o senhor esteve na Escócia." Por um segundo achei que aquela velha tinha realmente poderes místicos,mas confirmei a afirmação de
Eloise:
                              "-Sim e a senhora pode deduzir isso pelo broche que carrego no peito,um brasão militar da Escócia."

                              "-Bem,se o senhor estivesse afim de esconder esse fato,não deixaria a amostra seu broche,não é mesmo?"

                              "-Gostaria mesmo de conversar com a senhora,dona..."

                              "-Eloise,vamos,senhor ja haveria de ter ouvido meu nome antes.Eu gostaria de conversar com o senhor,pode vir até minha casa?"


                            O reverendo estava recioso mas nos acompanhou,de uma certa distância.No caminho perguntei a velha,sobre o bosque e a caverna,senti
que ela não mentia quando disse que ninguém ia lá,inclusive ela,por muito tempo este é um lugar não visitado.Minha vontade de explorar o lugar era grande,
mas no dia de hoje era impossivel,tinhamos mais a fazer,talvez á noite,seria a té melhor,pois assim chegaria sem que alguém pudesse esperar,bastava levar
um lampião e minha arma por segurança.                        
                           Chegamos a casa.Eu e Eloise entramos,o reverendo preferiu aguardar do lado de fora,ele nem se quer dirigia uma palavra a velha.Era a casa mais
mórbida,porém detalhadamente arrumada que eu jamais havia visto.Sentei-me,recusei a bebida que ela me oferceu,tinha um cheiro estranho.Começamos a conversar:

                           "-Então,a senhora tem alguma informação que possa me ajudar no caso?"

                           "-Infelizmente não,não sei de nada.Três pobres moças,lindas,todas as três..."

                           "-Senhora,não sei então porque me fez vir até sua casa."

                           "-Meu jovem,eu quero lhe fazer uma denúncia.Eu fui roubada,a policia aqui não se meche muito,o que me foi tirado é algo importante pra mim,o senhor pode
me ajudar?"

                          "-Roubada?O que lhe foi furtado senhora?" Não tinha tempo a perder com o que quer que seja,mas não quis desapontar a velha.

                          "-Roubaram um livro meu,o mais perigoso se cair nas mãos de alguém talentoso.Sei que o senhor tem um caso importante agora,mas achei que deveria lhe informar
para o caso de o senhor encontrá-lo por aí."

                          "-Tem certeza de que a senhora não o perdeu pela sua casa?Procurou bem?"

                          "-Livros não desaparecem.Entendo que o senhor esteja ocupado,mas achei importante avisá-lo,este é um livro perigosíssimo."

                          "-Que tipo de livro era senhora?"

                          "-Era um livro sobre hipnóse e técnicas de controle da mente.Olhe para meu cachorro senhor,apenas li o livro diante dele,o pobrezinho mal come e anda,perdeu completamente
toda a verocidade que ele tinha."

                    
                         Eu não tinha reparado,mas havia um vira-lata,praticamente petrificado no canto da sala,parecia estar empalhado.Me arrepiei de novo e fiquei uns segudos em silêncio,teorias apareciam,
algumas coisas começavam a ficar claras.Mas eu sabia que era inútil teorizar antes de se obter todos os fatos,isso é um erro capital.
                         O medo que eu tinha de Eloise me arrebatou,levantei rapidamente,me despedi e disse que faria o que pudesse para recuperar o pertence da velha.
                         Quando eu ja estava na porta a velha pegou minha mão,olhou bem para a palma,deu um sorriso e disse:


                            "-Uma paixão cairá sobre você como um raio."


                        Não entendi o que Eloise quis dizer,nem dei importancia.O reverendo estava lá na porta me esperando,gastamos um pouco de tempo ali,mas até que me pareceu útil.Partimos
então para casa da viúva Austen.
                        Austen era uma mulher inválida,traumatizada pelo seu passado,vivia triste,sem obejetivos.E parecia não se importar muito com o sumiço da filha.Ela nos recebeu normalmente,ela não era insana
só era triste,não parecia nutrir remorso.Vivia de uma pensão ganhada por aposentadoria,só se importava em manter sua casa limpa.Fiquei com a impressão de que ela somente precisava de alguem para conversar,
um acompanhamento psicológico lhe cairia bem.Não nos demoramos lá,ela não tinha muitos detalhes a nos fornecer.
                        Á noite começava a cair e a chuva também,era fina e gelada como agulhas.Voltamos para o terreno da igreja.
                        Descansamos e jantamos,não parei de pensar sobre o caso um segundo desde que cheguei a Bampton.O quarto de hóspedes onde eu estava era pequeno como um cárcere,eu imaginava como estariam as meninas
nesse momento.A caverna do bosque me parecia um lugar perfeito para um cativeiro,se não estivesse chuvendo forte eu iria até lá agora mesmo,a chuva vinha como rajadas do céu.
                       Parei diante da janela e comecei a criar uma linha do tempo dos fatos,juntei todos os pontos e algumas coisas fizeram sentido.
                       Tinha mergulhado tão fundo em meus pensamentos que quando avistei alguma coisa lá fora me pareceu irrelevante,mas passei a mão pelos olhos e voltei ao mundo real,olhei de novo e vi alguém lá fora.Alguém encapuzado
por uma veste preta.Quem sairia naquela chuva e pra onde iria?
                       Aquela pessoa estava ali parada como que perdida.Não pude mais só olhar,agarrei meu guarda-chuva e corri para fora,sem esquecer minha arma evidentemente.
                       Pensei em seguir de longe aquele individúo mas ele não ia a lugar nenhum estava parado olhando para os lados,então eu o chamei.
                       Quando a pessoa se virou e me olhou me surpreedi,era uma linda jovem!O que essa garota fazia aqui?Por acaso não temia?Estava alienada quanto a situação?
                       Ela sorriu e veio até mim,me abraçou tão forte que minhas costelas estalaram.Fiquei sem reação logo de cara mas o abraço durou muitos segundos me dando tempo para pensar e chamá-la pra entrar.
                       No meu quarto havia uma pequena lareira sentamos em volta dela para nos prevenir de um resfriado.Como ela é linda!Ela só sorria e agradecia,então a questionei:

                           "-O que fazia parada lá fora nessa chuva?"

                           "-Bem,e-eu na verdade não sei bem,estranhamente não consigo me lembrar,direito."

                           "-Por acaso bateu a cabeça ou algo do tipo?"

                           "-Provavelmente acho que sim,não consegui identificar o caminho de casa."

                           "-Hum,qual o seu nome,senhorita?"

                           "-Joana Thompson."

                           "-O quê?Perdão,pode repetir seu nome?!"

                           "-Eu me chamo Joana Thompson,senhor."

                    
                     Antes que eu pudesse esboçar uma expressão maior de surpresa,ela me beijou.Foi tão intenso que eu quase esqueci completamente todas as minhas teorias.Se esse foi o jeito que ela encontrou para me agradecer
por te-lá tirado da chuva fria,não poderia ter sido melhor.
                     Estava surpreso por ver a Joana ali em minha frente,mais ainda por ela ter me beijado.Corri com ela para o casebre do reverendo.Ele nos atendeu depois de quase derrubarmos a porta,ficou tão surpreso quanto
eu ao ve-lá.
                     Imediatamente nos encapuzamos e fomos a residencia dos Thompson.O casal ficou indescritivelmente feliz ao ver a filha,como era de se esperar.Começavam a me agradecer,mas eu rapidamente
tirei o mérito dos meus ombros dizendo que a havia encontrado no meio da rua simplesmente.Nesse instante fiz as perguntas que ja estava ancioso para fazer.Onde ela esteve?Quem a levou?E como ela escapou?
                     A resposta dela foi ainda mais enigmática.Ela simplesmente não se lembrava de absolutamente nada do que lhe acontecera nos últimos dias.Ficamos perpléxos,mas tentei tranquilizar a todos dizendo que isso pode
ser normal em casos de traumas psicológicos,o cerébro tende a simplesmente apagar coisas ruins.Disse que era melhor ela descansar e amanhã voltaríamos a conversar.Voltamos eu e o reverendo para o terreno da igreja,
sem trocar uma palavra,estava mergulhado em meus pensamentos.Comecei a ligar alguns pontos,então.
                     Levantei antes do Sol raiar.A cidade ainda dormia enquanto eu peguei minha arma e me dirigi até o bosque.O frio matinal me corria o corpo,mas eu me arrepiava mesmo por que estava com medo de entrar naquele
lugar sozinho.Prossegui por ele decorando o caminho que estava fazendo,para não me perder.Não foi dificil achar a caverna.Os primeiros raios de Sol ja raivam.Meti a cara na entrada da bifurcação de arma em punho.O buraco
era miúdo,dava pra ver o fim dele ali mesmo da entrada.Sim,era um lugar perfeito para encarcerar três moças.Mas não tinha ninguém lá.Entrei,olhei,examinei,achei algo.Um ramalhete de uma planta,estava amaçado no chão.Não
sabia que tipo de planta era,mas sabia exatamente onde eu ja tinha visto outra daquela.Guardei o ramo e fiz o caminho de volta.O Sol iluminava o lugar e eu pude ver por ali,alguns entalhes nas árvores.Estremeci ao pensar quem
deveria ter feito ali aqueles bonecos,como se fossem voodoos.Eloise provavelmente.Sem dúvida aquela mulher tinha conhecimentos relevantes em ocultismo.
                     Reverendo Curtis ficou surpreso por me ver ja de pé e de sapatos enlamassados.Contei a ele que estive no pântano mas que não havia ninguém na caverna,porém encontrei indícios de que talvez alguém pudesse
ter ido lá e ao sair limpado seus vestígios.Mas se não havia não conseguimos pensar em outro lugar na cidade que service tão bem como cativeiro.Enfim,anciosos,seguimos à casa dos Thopmson.
                     Estavam a mesa do café,felizes,os três sorrindo.Nem duvidamos em aceitar o convite para o desjejum.
                     Quebrei o silêncio,não podia mais aguentar a curiosidade:

                          "-Joana,como se sente esta manhã?"

                          "-Bem senhor Michael,obrigada por ter me ajudado ontem à noite.

                          "-Eu não fiz nada,apenas a tirei da chuva.Mas a senhorita ajudaria muito as outras jovens se puder nos contar onde esteve e na compania de quem."

                          "-Eu gostaria muito de ajudar senhor,mas eu não consigo recordar,passei metade da noite de ontem tentando,mas se não tivessem me dito eu nem saberia que estive raptada."


                         Nessa hora fomos interrompidos:


                            "Senhor Baskerville,pode me acompanhar,por favor?"disse ríspidamente o senhor Thompson.

                            "-Sim,claro."

                      
                        Fomos até o quintal da casa.Senhor Thompson olhou-me nos olhos e disse:


                             "Meu jovem,não sei como encontrou minha filha,mas sou infinitamente grato por isso.Ela não se lembra do que aconteceu e eu receio que seja melhor para ela dessa forma.Eu lhe peço encarecidamente que não a obrigue
a tentar lembrar,pois o trauma poderia ser muito grande para nossa familia."

                              "-Mas senhor,o que esta me pedindo é completamente egoísta e injusto com as outras vítimas.Se Joana se lembrar ela pode nos ajudar a salvar as outras moças e prender o culpado!"

                               "-Eu entendo e lamento por isso,mas o senhor é detetive não é?Faça seu trabalho.Não machuque minha filha."


                         Com essas palavras ele me deu as costas.O reverendo saiu da casa com um bilhete no bolso e me entregou,disse que era de Joana.Abri e li em voz alta,ela queria me ver a tarde,contei a Curtis que ela havia me beijado na noite
anterior,ele sorriu e me comparou com meu pai novamente.Repeti as palavras de senhor Thompson para Curtis,ele se surpreendeu,mas aceitou melhor que eu.Mais uma vez acusou Eloise,falou que se uma bruxa sequestrasse uma filha sua
ele pediria a Deus que ela esquecesse este traumático fardo.Este caso tinha sofrido um grande reviravolta com a repentina volta de Joana.Tinha minhas teorias sobre o caso,só não conseguia ainda ligar os pontos que levariam a motivação do
sequestro das jovens.Mas tinha certeza,era alguém da cidade,e esse alguém tinha planos obscuros,maiores do que extorção das famílias por um possivel resgate.
                         Aí então,fomos surpreendidos novamente.Encontramos Perkins pela rua,ele iria nos procurar na capela.Trazia uma notícia inemaginável.As meninas,Kate Austen e Elizabeth Carter haviam sido encontradas!Pela manhã cada uma
estava desacordada na porta de suas respectivas casas.O prefeito soube do fato e mandou que Perkins viesse nos convocar.
                         Juntos no gabinete do prefeito,sentamos e conversamos,o prefeito deu sua teoria:


                          "-Caros amigos,é evidente que tal sequestrador ao saber que tinhamos um detetive de Londres no caso se amedrontou e tratou de liberar as moças.Ontem provavelmente ele deve te-lás entorpecido e as deixado na porta de suas casas,
como o quintal da casa dos Thompson é descoberto,Joana levou chuva e acordou,então saiu desorientada pela rua sem saber que ja estava na porta de sua casa."

                           "-As duas também estão desmemoriadas,senhor Widmore?"perguntei eu.

                           "-Sim,isso é muito estranho."

                            "Aham,é sim.Me parece coisa de bruxaria,se é que me entendem."disse o reverendo.

                            "-Porém senhores,meu trabalho aqui ainda não está completo e estou achando cada vez mais interessante tal caso.Ficou claro para nós que o sequestrador conhecia bem as moças por te-lás deixando em casa.Isso limita nossos suspeitos.
Preciso observar e juntar ainda alguns pontos para concluir minha teoria e prová-la.Peço senhores que divulguem a notícia de que eu tive que ir a Londres.Para melhor observar e providenciar minhas ações.Ouviu Perkins?!"

                            "-Muito astuto senhor Baskerville,lhe garanto que o tagarela Pekins não abrirá seu bico."me assegurou o prefeito.


                       A tarde caia e eu havia de me encotrar com Joana,acho que ela gosta de mim.Não quero ferir o coração dela,mas ela é fundamental para meu trabalho,apenas isso.
                       Fiquei a esperar na janela de meu quarto,enquanto pensava sobre o caso.Volta e meia o beijo de Joana vinha em minha mente e meu coração acelerava,mas eu voltava e me concentrar e teorizar.Nesse período pude observar que meus
conhecimentos obtidos nas leituras de contos policias foram muito úteis.
                        Pontualmente ali estava ela,com Sol já baixando e encoberto pelas nuvens.Joana vinha encapuzada pois era um encontro secreto,somente o reverendo sabia além de nós dois.A notícia de que eu estaria em Londres fora já divulgada pela acessoria
do prefeito.Assim o reverendo a recebeu na ingreja e nos encaminhamos para o fundo do terreno,onde sentamos para conversar ambos encapuzados.Antes de mais nada ela fez novamente,me beijou,que estranha essa moça que me beija simplesmente sem nada dizer.
E eu,na verdade não podia reclamar,ela era linda.Constrangido o reverendo tomou a voz:

                            "-A-Aham.Bom,acho que temos coisas importantes a tratar caros jovens ou eu estou equivocado aqui e devo me retirar?"

                            "-De maneira nenhuma reverendo Curtis.Perdoe-nos.Joana gostaria de nos dizer algo?"

                            "-Sim Michael.Eu venho lhes dizer que de fato não consigo me lembrar de nada.Isso me deixa angustiada.Eu queria poder ajudar."

                            "-Não se preocupe com isso senhorita Thompson,tenho certeza de que nos ajudará e muito,mas precisaremos da ajuda de mais uma pessoa também."

                            "-Quem?"perguntou-me Curtis.

                            "-Eloise."respondi com segurança.

                            "-Sacrilégio!O que está dizendo Michael Baskerville?"

                            "-Joana,rogo-lhe que confie em mim e senhor reverendo,se nada temer pode nos acompanhar até a casa de Eloise."

                            "-Eu confio em você."disse-me a doce moça.

                            "-Eu apenas temo a não ser digno aos olhos de Deus,nada além disso me aflige."disse o trêmulo reverendo.

                            "-Pois bem,não percamos tempo."


                         A casa de Eloise tinha um aspécto sombrio,notei que Curtis estava cheio de receio,mas estava conosco enquanto batíamos a porta.A velha de aspécto fantasmagórico nos atendeu
com a simpatia que eu tinha visto antes:

                            "-Olá jovem detetive,que surpresa,soube que você tinha voltado para sua cidade."

                             "-De fato ainda estou aqui,espero que a senhora guarde meu segredo.Trouxe comigo dois convidados,podemos entrar e conversar?"

                             "-Oh,vejo que o senhor trouxe esta bela jovem,como eu disse uma paixão caiu sobre o senhor não é? hehehe...E o senhor reverendo,como está?"

                             "-Muito bem Eloise,obrigado,podemos entrar?Não sei por qual motivo mas o jovem Michael gostaria de conversar com a senhora,espero que esteja com a conciência limpa."

                              "-Hehehe,sim estou.Vamos então,entrem."
                            

                          Eu disse a velha que a menina que estava ali conosco era ninguém menos que Joana Thompson,ela se mostrou surpresa.Realmente eu não conseguia ver culpa naquela senhora,mas que ela
era ocultista disso eu não duvidava.Antes de mais nada ela me perguntou sobre seu livro,se eu tinha alguma pista e eu respondi:

                              "-Minha cara senhora,posso estar errado,mas creio que o responsável pelo sumiço do seu livro e responsável pelo sequestro das jovens são a mesma pessoa."

                              "-Você já sabe quem é Michael?E que história é essa de livro?"disse o alienado reverendo.

                              "-Bom,o senhor sabe que Eloise me trouxe aqui anteriormente para conversar.Ela me fez uma queixa de um livro roubado,um livro muito interessante por sinal.Os fatos me dizem que o livro
foi roubado pela pessoa que raptou as moças e que a caverna no bosque foi usada sim como cativeiro.Eu estive lá pela manhã.Eu vi que aquele lugar parecia ter sido limpo,estava limpo demais para uma velha
caverna.Encontrei também este ramo de planta que tenho aqui em meu bolso.De imediato soube onde ja tinha visto esse ramo,esta planta se encontra aqui na casa de Eloise.Antes que o reverendo possa acusar
a senhora Eloise,digo que a planta estava amassada de maneira que poderia claramente estar dentro de um livro,ou seja,deduzo que o livro esta em posse de quem esteve na caverna,possivelmente com as meninas
encarceiradas."

                               "-Estou impressionado,é uma excelente dedução senhor Michael.Mas o senhor ainda não disse se sabe quem é o culpado,se não foi Eloise entao quem foi?E que livro é esse dessa bruxa!?"

                               "-Mais respeito homem de Deus."disse a velha por entre seus dentes idosos.

                               "-O livro dela é de hipnose e estou convencido de que usaram isso para limpar as memórias da mente das moças.Agora espero eu que a senhora Eloise tenha conhecimentos bons o bastante nessa técnica
para nos ajudar a recobrar a memória de Joana,pois tenho certeza de que a memória não pode ser simplesmente apagada de uma mente,apenas ocultada.O que me dizem?"
                              
                               "-Bem,podemos tentar uma regressão."assegurou a velha.

                               "-Sinto muito,mas eu não presenciarei um rito evidente de ocultismo.Que Deus estaja com vocês,até com você Eloise se isso for possível.Espero que saiba o que está fazendo Michael."

                               "-Não se preocupe reverendo.Além disso acredito que hipnose nada mais seja que uma indução por métodos psicológicos.Não há ocultismo nisso.E sim,sei o que estou fazendo.Vou apenas aqui provar minha teoria."

                               "-Boa sorte,estarei lá fora."


                            Começamos então.Fiquei em pé observando enquanto Joana se deitou no sofá e apertou minha mão.A velha a mandou relaxar e fechar olhos,começou a falar em seu ouvido.Em poucos segundos ela estava quase dormindo.Então a velha me pediu para falar levemente
e perguntar o que eu queria saber:

                               "-A uma semana atrás você estava saindo da igreja,parecia preocupada com algo.O que aconteceu a seguir?E o que a deixava inquieta?"

                          A mão dela começou a suar e apertar a minha:

                                "-Oh Meu Deus...Não,por que está me pedindo pra fazer isso?Não irei te ajudar a fazer isso...Não...pare...Por que estamos indo para o bosque?!"

                          Ela começou a chorar e ficar ofegante,pedi que Eloise teminasse a seção.Ela abriu os olhos me olhou e disse:

                                "-Elizabeth."

                           Assutado,perguntei a Eloise o que aconteceu.Ela disse que era normal esse tipo de reação.Deveríamos deixa-lá descansar.Parecia que ela tinha recobrado a memória,talvez parcialmente mas o bastante para sobrecarrega-lá.
                           Algumas coisas ficaram claras pra mim.A caverna do bosque de fato foi o cativeiro.Mas isso era o de manos.Já sabia quem era o culpado,não tinha dúvida.
                           Saí correndo para fora e chamei o reverendo para irmos a casa dos Carter.
                           Chegando lá encontramos o pai da moça e Jones o irmão,felizes trabalhando no quintal.Perguntei ao senhor Carter onde estava Elizabeth.Ele me deixou alarmado quando disse que a moça tinha insistido e ido trabalhar com sua mãe, na
prefeitura.Tratei também de questioná-los sobre o comportamento de Elizabeth,me disseram que ela estava sim diferente,calada.Mal respondia o que lhe era perguntado,como se tivesse decorado suas falas.A hora do almoço se aproximava e era nessa hora
que Elizabeth ajudava sua mãe,na comida.
                            Pedi para o reverendo correr a prefeitura,temi pela saúde vascular do velho mas não havia opção.Recomendei que ele ficasse junto ao prefeito e muito atento.Me dirigi a direção oposta,a casa da família Austen.
                            O reverendo se encotrava na sala do prefeito,com a mesa pronta para o almoço.Estavam à mesa o prefeito,seu assistente e o reverendo.Elizabeth e sua mãe tinham preparado um verdadeiro banquete.Trouxeram e serviram a mesa.
                            Widmore era um homem robusto,deveria ter um apetite imenso.Mas para sua tristeza ou felicidade,cheguei e interrompi-os:

                                 "-Não comam!"

                                 "-O que significa isso,senhor Baskerville?"indagou-me o prefeito.

                                 "-Acredito que esta comida esteja envenenada.Estamos diante de um atentado contra sua vida,prefeito,disso,não tenha dúvida."

                                 "-O que está dizendo meu jovem?Tem como provar isso?"

                                 "-Lógicamente,dê-me um aqui seu prato."


                             Peguei o prato e dirigimo-nos para fora,lá havia um vira-latas velho e cansado.Dei-lhe o prato de comida.Em poucos segundos o pobre cão expirou:


                                   "-Como podem ver senhores eu estou verto.O pobre cão faleceu."

                                   "-Está dizendo que a senhora Carter e sua filha atentaram contra mim?Apenas elas têm acesso a minha comida!"

                                   "-Porém prefeito,outras pessoas também sabiam desse fato e se utilizaram de Elizabeth para atingi-lo."

                                   "-Meu Deus,não entendo.Quem então teria motivo para matar o prefeito?"perguntou o reverendo.

                                   "-Vejam,enquanto vinha para cá pedi que os policias da cidade fossem captura do culpado ou melhor  da culpada."
                                    
                              Os policias Miles e Locke traziam por entre os braços a culpada por toda esta confusão,Kate Austen.


                                    "-Não posso crer,Kate Austen tentou matar o prefeito?"Perkins naturalmente estava confuso.

                                    "-Não só isso Perkins,ela também sequestrou as moças Elizabeth Carter e Joana Thompson e ainda furtou um livro da senhora Eloise."

                                    "-Senhor Michael Baskerville pode nos explicar por obséquio o que esta acontecendo aqui?"

                                    "-Farei isso com muito prazer meu caro.Para isso teremos que voltar ao passado.A um passado talvez esquecido por alguns,mas com certeza esta na memória do senhor,prefeito.
Sabemos que,a cerca de 10 anos atrás havia um sujeito problemático nessa cidade e sabemos também que tal sujeito era pai de Kate e que este sujeito foi morto  pelo delegado da época,senhor
Widmore.Na ocasião sabemos que o violento senhor Austen estava munido de uma arma em plena praça e era um perigo para todos.O que poucos sabem e fui saber analisando meticulosamente o caso em minha
mente,com base no que me foi relatado,Kate era amada pelo seu pai e o amor dela por ele era equivalente.Diferente do que todos achavam,não era um alívio para ela perder um pai como aquele,era frustrante.Ela conhecia
um homem amável diferente da imagem violenta que ele pregava para as demais pessoas.Estou certo Kate?"

                                     "-E-está."respondeu-me a jovem com lágrimas nos olhos.

                                     "-Minha Nossa,não imaginei que eu tivesse tirado a vida de um pai bondoso,oh Kate me perdoe."Widmore demosntrava arrependimento.

                                     "-Seu canalha!Eu devia matá-lo agora mesmo!Você partiu o coração da minha mãe e assassinou meu pai!Seja homem para adimitir seus crimes!"Kate esbravejava contra o prefeito.

                                     "-Sim eu adimito.Eu e sua mãe tinhamos um caso,mas erámos jovens ela não amava seu pai.Quando atirei em seu pai foi apenas para me proteger,se não o fizesse ele me mataria e provavelmente quem estive na praça naquele momento."

                                     "-Pois era melhor que as balas de meu pai tivessem atingido seu coração,seu calhorda!"

                              O reverendo constrangido com a situação com a qual estavamos lidando,me questionou novamente,para desviar o foco do escândalo familiar findado em tragédia.

                                      "-Porém Michael,ainda não está claro para mim por que Kate sequestrou as moças,pode nos explicar?"

                                      "-Sim.A vingança,passou a ser o único foco na vida de Kate desde a morte de seu pai.Ela teve anos e anos de paciência esperando um dia uma forma de investir contra o prefeito.Mas ela sabia que não poderia fazer isso sozinha.Então se utilizou a
principio de sua proximidade com Joana para tentar convece-lá a lhe ajudar em seus planos contra Widmore.Isso explica o fato de a mãe da Joana ter notado sua filha aflita nos dias antes de seu desaparecimento.
                                         Kate possivelmente andou espionando a casa de Eloise e viu como a velha usava seu livro de hipnose provavelmente em seu cachorro,que pude ver era um completo vegetal.Assim ela furtou o livro de Eloise e facilmente indusiu Joana a segui-lá até a caverna,onde tentou persuadi-lá por meio de hipnose.Com certeza Kate não
queria levantar suspeitas contra si.Utilizando as técnicas manipuladoras que recém apredera,obeteve a informação de Joana que a jovem Elizabeth trabalhava na prefeitura,pronto ela ja tinha uma fantoche perfeito para manipular.Como sabemos Elizabeth foi raptada na sexta-feira.
A cruel Kate manteve as moças em estado de transe na caverna e vinha sempre a cidade buscar mantimentos pra elas.Quando se deu conta de que todos tratavam do desaparecimento das moças como um sequestro,tratou de se exilar também na caverna,fazendo se passar por uma  inocente vítima também.
A planta que encontrei na caverna que estava no livro de hipnose da velha,era uma planta venenosa potentíssima,estudei botânica em Londres,foi fácil saber isso.
Logo deduzi que ela utilizaria tal artifício através de Elizabeth Carter para envenenar o prefeito.Convenhamos senhores,essa menina é um verdadeiro gênio do mal."

                                      "-Estou impressionado senhor Baskerville,o senhor tem um poder de dedução adimirável.Também estou muito grato por ter salvo minha vida.No fim das contas eu também era uma das vítimas.O senhor é muito bom mesmo.O que sugere agora que eu faça com essa jovem?Tenho pena dela,eu sou o causador de toda a desgraça
da vida dela."o prefeito era um misto de culpa e tristeza.

                                      "-Não sou ninguém que possa questionar a moralidade dos seu atos prefeito,mas o senhor como homem que é sabe melhor do que ninguém o que fazer.Mas aconselho a dar a esta jovem um tratamento psicológico digno e uma reeducação e o mesmo também para a mãe dela."

                                      "-Tens razão jovem,és realmente muito sábio para sua idade.Quem dera eu ter sido assim como o senhor no passado.Perkins!Providêncie para senhora Austen um tramento psicologico de primeira em Londres e mande Kate para o internato mais competente do país!"

                                      "-Agora mesmo senhor Widmore!"


                               Kate olhou para mim fixamente enquanto era levada pelos policiais.Creio que as coisas se acertaram de forma muito boa para ela.Agora ela teria a chance de se reintegrar a sociedade bem cedo ainda enquanto é jovem.Que escândalo para essa cidade.
                               Na manhã seguinte toda a cidade já sabia da historia.Eles diziam como o jovem detetive Michael Baskerville havia solucionado o mistério de Bampton.
                               O trem para Londres partiria as 11 da manhã.Eu ja estava na estação com o reverendo desde as 10:15,típica pontualidade londrina.Ficava encabulado quando alguém passava e me comprimentava pelos meus feitos,não me auto julgava detetive,mas parece que levava jeito pra coisa.
                               O reverendo sacou do bolso um cheque com uma generosa quantia em dinheiro,ofertada a mim pelo prefeito,não fui hipócrita aceitei com prazer.Tive uma boa aventura e ainda ganhei por isso.Tudo perfeito.
                               Curtis me disse ainda:


                                     "-De certa forma a bruxa estava envolvida no caso,afinal o livro usado por Kate para hipnotisar as jovens pertecia a ela."

                                     "Hahahaha...Mas veja meu caro reverendo,ela nos ajudou recobrando a memória das duas jovens.Tanto de Joana quanto a Elizabeth,se não fosse por ela as moças poderiam estar ainda vegetando e sem memória."

                                     "-Não sei não,controle de mente...sorte dela que ja não existe mais a Santa Inquisição.Provavelmente ela iria para a forca ou a fornalha."

                                     "-Que maldade reverendo,hahahaha."

                                     "-Está quase na hora ja estão chamando para entrar no trem,mas veja olha quem vem lá,Michael."

                                Joana Thompson vinha até nós,linda como sempre.O reverendo se despediu de mim e nos deixou a sós,me provocou dizendo que ganhei uma noiva em Bampton.
                                Ela me abraçou forte como da primeira vez que nos vimos.O maquinista ja dava seu último chamado aos passageiros.

                                       "-Preciso ir Joana,foi ótimo te conhecer."

                                       "-Tome Michael leve meu lenço,assim você terá motivos para voltar a Bampton um dia."

                                       "-Vou guardar com carinho este lenço e sem dúvida voltarei a Bampton."


                               Demos nosso último beijo.Estava apaixonado por aquela jovem.Corri para não perder o trem.
                               Meu trabalho em Bampton estava concluído,foi uma experiência e tanto.Acho que descobri uma vocação.Desvendei tal caso com uma aptidão que impressionara a mim mesmo.
                               Estava partindo,porém contava as horas para retornar a Bampton e ver Joana novamente.

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